Não existe uma regra que determine quais os tempos verbais a utilizar na relação entre a orações que expressam causalidade e a subordinante. Tudo dependerá da intenção do locutor e da situação descrita.
Poderá estar em causa uma relação que teve lugar num intervalo de tempo passado, envolvendo tanto a causa como a consequência:
(1) «Ele não foi ao jogo porque estava doente.»
É também possível que a causa tenha tido lugar no passado e a consequência num intervalo de tempo futuro:
(2) «Ele não irá ao jogo porque esteve doente.»
A relação causa-consequência pode também ter lugar num intervalo de tempo futuro:
(3) «Ele não irá ao jogo porque será operado ao joelho.»
Há, pois, muitas combinações temporais possíveis na relação causa-consequência.
Por outro lado, as orações subordinadas condicionais também expressam, com efeito, relações de causa-consequência. Normalmente, a oração subordinada condicional expressa uma causa e a oração subordinante apresenta a consequência. A relação que se estabelece na frase leva a uma interpretação de condição real (4), hipotética (5) ou contrafactual (6):
(4) «Se ele está doente, não vai ao jogo»
(5) «Se ele estiver doente, não vai ao jogo.»
(6) «Se ele tivesse estado doente, não teria ido ao jogo.»
Por fim, as orações subordinadas finais expressam sobretudo uma relação entre um agente e uma finalidade ou uma intenção:
(7) «Ele treinou muito para ir ao jogo.»
Em certos casos, esta relação pode estar associada a uma interpretação que tem o valor de causa-consequência (a ação desenvolvida tem como consequência uma dada situação), mas o locutor não coloca a intenção primordial neste valor, foca-se antes na intencionalidade do agente.
Disponha sempre!