Numa primeira análise, concorda-se com o que diz o consulente a respeito da primeira, terceira e quarta frases, porque nelas a condição é relativa a uma atitude de um coenunciador (um interlocutor): «quero tornar-me culto», «o meu objetivo é...», «pretendo». Na condicional, marcam-se, portanto, valores modais, neste caso de tipo volitivo ou desiderativo.
A conversão de tais frases nas construções condicionais "típicas" – factuais, hipotéticas, contrafactuais (ver "As regras da expressão da condição") – parece ter problemas de aceitabilidade se forem retiradas as palavras que marcam a atitude desse coenunciador. Pelo menos, é o que se concluirá com a manipulação das frases por meio da alteração dos núcleos verbais (o ? indica frase duvidosa ou até agramatical):
(1) ?Se te tornas/tornares/tornasses culto, estudas/estudarás/estudarias muito.
(2) ?Se atinges/atingires o ápice, enfrentas/enfrentarás muitos desafios.
(39 ?Se escreves/escreveres bem, lês/lerás bons autores.
Note-se, porém, que as frases acima não serão de todo impossíveis, porque a sua interpretação pode ser legitimada por fatores referenciais.
O segundo caso – «Se escolhermos este caminho, precisaremos tomar cuidado com os perigos nele ocultos» – incluir-se-á nas condicionais mais típicas, em que se estabelece uma relação entre valores factuais ou hipotéticos e estados de coisas: neste caso, a escolha do caminho é contemporânea ou um pouco anterior ao cuidado a tomar.