As frases «Eu não quero ter razão, quero é ser feliz» e «Eu não quero ter razão, o que eu quero é ser feliz» são ambas possíveis.
Na primeira frase, estamos perante duas orações coordenadas copulativas ligadas assindeticamente, que correspondem a duas frases simples:
(1) «Eu não quero ter razão. Eu quero é ser feliz.»
A conexão destas duas frases levou à omissão do pronome pessoal eu na segunda frase, que se recupera por relação anafórica.
Relativamente à segunda frase, estamos também perante uma coordenação copulativa assindética que poderemos considerar como resultante da união de duas frases simples:
(2) «Eu quero ter razão. O que eu quero é ser feliz.»
As orações que surgem em segundo lugar nas frases constituem ambas uma construção de clivagem, ou seja, uma construção que permite colocar o foco num elemento da frase. As orações em questão correspondem a uma frase "neutra" como:
(3) «Eu quero ser feliz.»
A diferença entre elas reside no elemento que a construção coloca em foco: na primeira, o verbo querer («eu quero é») e, na segunda, «aquilo que se quer» («o que eu quero/aquilo que eu quero»).
Assim, estando ambas corretas, as construções distinguem-se ligeiramente pelo constituinte que o falante pretende destacar, colocar em foco.