Considero que um é ambíguo no contexto em causa. Duas leituras são possíveis:
(1) «Estreou(-se)1 nos cinemas mais um filme de vampiro.» = «Estreou nos cinemas um filme de vampiro que se soma ao conjunto já existente de filmes de vampiro.»
(2) «Estreou(-se) nos cinemas mais um filme de vampiro.» = «Estreou nos cinemas um filme de vampiro que não identifico (não digo qual é o título, quem é o realizador, quem são os actores, etc.) e que se soma a outros já existentes.»
Em (1), interpreto «um» como um numeral, enquanto em (2) o que faço é atribuir a «um filme de vampiro» uma leitura específica, que decorre de o discurso estabelecer um referente que é uma parte singular não identificada de um conjunto considerado como «filmes de vampiro» (ver Maria Helena Mira Mateus et al. Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, págs. 224/225). Note que posso adaptar (1) substituindo a palavra um por outros numerais:
(1)´ «Estrearam(-se) nos cinemas mais três filmes de vampiro.»
A leitura proposta em (2), por seu lado, permite a pluralização de um (ver Mateus, op. cit., pág. 228/229):
(2)´ «Estrearam(-se) nos cinemas mais uns filmes de vampiro.»
Esta frase pode também reescrever-se sem determinante explícito, mantendo a leitura específica:
(2)´´«Estrearam(-se) nos cinemas mais filmes de vampiro.»
1 Como intransitivo e no sentido de «exibir-se pela primeira vez», usa-se estrear-se e estrear (ver Dicionário Houaiss). Normativistas mais conservadores poderão reprovar o emprego intransitivo e não pronominal de estrear, equiparando-o a casos como o de reunir em «os deputados reuniram», que é preterido a favor de «os deputados reuniram-se».