Convém, antes de mais, ter em conta que se trata de duas obras escritas em momentos diferentes: a Gramática do Português Actual (GPA), versão de 2005, tem um prefácio datado de 2001, enquanto a Nova Gramática do Português Contemporâneo (NGPC) data de 1984.
Por outro lado, foram elaboradas com objectivos diferentes. Celso Cunha e Lindley Cintra dizem, no prefácio da sua obra, que ela é (pág. XIV):
«uma tentativa de descrição do português actual na sua forma culta, isto é, da língua como a têm utilizado os escritores portugueses, brasileiros e africanos do Romantismo para cá, dando naturalmente uma situação privilegiada aos autores dos nossos dias. Não descuramos, porém, dos factos da linguagem coloquial, especialmente ao analisarmos os empregos e os valores afectivos das formas idiomáticas.»
É, pois, uma gramática que teve como objectivos descrever as características da língua portuguesa culta, numa perspectiva transnacional e abrangente.
Na Gramática do Português Actual, destinada, preferencialmente, a alunos do ensino secundário,
«A língua encontra-se perspectivada como um sistema estável e válido efectivamente acedido e partilhado pelos falantes do português europeu na sincronia deste começo de milénio…»
São gramáticas com objectos de estudo diferentes: a NGPC tem por base a língua culta dos países lusófonos, e a GPA centra-se no português europeu. Ainda que naquela não esteja explicitado o público a que se destina (e talvez por isso) ela tem, necessariamente, subjacente um grupo de leitores e estudiosos mais vasto do que esta.
Creio que poderemos considerar ambas gramáticas normativas.
Em relação à segunda questão que coloca, a abertura da obra na página do índice poderá esclarecê-la, a não ser que pretenda um estudo aprofundado cuja resposta não poderá passar pelo Ciberdúvidas. Aconselho, porém, a leitura do texto disponível neste endereço, onde encontra uma descrição breve mas interessante da obra.