I. – Este, esse
1– Este emprega-se, quando o emissor se refere a um ser junto ou perto de si próprio. Esse emprega-se, quando o emissor se refere a um ser junto ou perto do receptor:
(a) Este dicionário é melhor do que esse.
(b) Esta ideia dá bom resultado, mas essa não dá.
2 – Este emprega-se, quando, em determinado contexto, o emissor indica um termo que se encontra mais perto da palavra ou das palavras que se estão a proferir do que outro termo com que, geralmente, se relaciona:
(c) Há dois países de língua portuguesa com ortografia distinta: Brasil e Portugal. Mas este é mais antigo do que aquele.
1. – Este emprega-se, quando apresentamos ou mostramos algo/alguém desconhecido. Esse emprega-se, quando nos referimos a algo/alguém de que já se falou:
(d) Este assunto, de que vos vou falar, interessa imenso.
(e) Nesse momento, o Sol brilhou e tudo iluminou.
(f) Esse homem não quis seguir os meus conselhos.
2. – Este emprega-se também para distinguir determinado ser de um conjunto já mencionado:
(g) Como vemos, esta história é mais interessante do que as outras.
II. – Isto, isso
1. – Isto indica um ser que se encontra junto ou perto do emissor. Isso indica um ser que se encontra junto ou perto do receptor:
(h) Isto que eu estou a comer é muito saboroso, mas isso que tens aí não presta.
2. – Isto emprega-se relativamente ao que se vai apresentar como uma novidade, desconhecida do geral das pessoas, ao passo que isso indica coisa já conhecida:
(i) Ora reparem bem para isto que vou dizer, e vejam como interessa a todos nós.
(j) Isso que se diz por aí é já sabido de toda a gente.
Nota. – A palavra «ser» tem aqui os mesmos sentidos que vemos na linguagem da filosofia, isto é, uma realidade qualquer: um ser vivo ou não vivo, como por exemplo uma mesa, uma ideia, uma invenção... (o que antigamente se chamava um ser imaginário), como vemos nas frases (b), (d), etc.
Estas regras são as fundamentais. Há outros casos. Um exemplo. Determinada mulher faz o que não devia fazer. A vizinha que é até sua amiga diz: Ai, esta mulher, esta mulher...!
Como vemos, as frases da prezada consulente estão certas.
Obs. – Peço licença para dizer o seguinte. Está errada a frase que lemos no fim da consulta: «(...) deparo-me (...) com variações (...)».
Não somos nós que nos deparamos com as variações. As variações é que se nos deparam a nós. Digamos: deparam-se-me variações, Fulano deparou-se-me, a ele deparou-se a mais bela paisagem, etc. Consulte-se um dicionário.