Antes de se indicar alguns dos deícticos presentes no poema Auto-Retrato, de Alexandre O’Neil, é de referir que «os deícticos remetem verbalmente para referentes específicos do acto enunciativo» (Dicionário Terminológico). Trata-se, por isso, de signos que «assinalam o sujeito enunciador, o sujeito a quem se dirige o acto enunciativo, o tempo e o espaço da enunciação» (idem), tendo como «ponto primordial de cálculo o sujeito que fala, no momento em que fala». Portanto, têm valor de deícticos «os pronomes pessoais, os pronomes e determinantes possessivos, os pronomes e determinantes demonstrativos, os artigos, os advérbios com valor locativo e temporal, os tempos verbais e ainda algumas preposições e locuções prepositivas, alguns adjectivos e alguns nomes […] que tenham valor referencial, ou seja, que designem entidades reconhecíveis num determinado contexto discursivo» (idem).
Tendo em conta que o poema Auto-Retrato gira à roda da tentativa da construção da imagem do sujeito poético, da sua caracterização física e psicológica, vários são os signos com valor referencial do próprio sujeito poético, razão pela qual se trata, nesse contexto discursivo, de deícticos quando se observam os seguintes exemplos:
— « tal sujeito»;
— « o que»
— «os seus quês»
— «aqui».