Na frase em questão, o constituinte «aos troncos» desempenha a função sintática de complemento indireto.
A função de complemento indireto identifica-se pela possibilidade de substituição do constituinte pelo pronome pessoal na forma dativa -lhe(s), o que se verifica neste caso:
(1) «Amarraram-lhes uma rede.»
O constituinte com função de complemento indireto permite também o redobro do clítico, como se observa na manipulação da frase (2):
(2) «Eu dei uma prenda à Joana.» = «Eu dei-lhe uma prenda a ela.»
O mesmo processo pode ser aplicado à frase em análise:
(3) «Amarraram-lhes uma rede a eles.»
Alguma dúvida na identificação da função deste constituinte pode advir do facto de ele ter uma natureza [-Hum] (sendo que tipicamente o complemento indireto tem uma natureza [+Hum]) e de não desempenhar a função semântica de destinatário. Não obstante, é possível identificar constituintes que, tendo a função de complemento indireto, são [-Hum], como acontece em (4):
(4) «Eles fizeram uma enorme limpeza à casa.»1
É possível também o complemento indireto ter a função de alvo (como acontece na frase em questão), meta ou de possuidor.
Note-se, por fim, que certos verbos permitem que o mesmo constituinte se realize ora como complemento indireto ora como complemento oblíquo. É o que se verifica nas frases (4) e (5):
(5) «Eles fizeram uma enorme limpeza na casa.»1
Este mesmo fenómeno parece poder ter lugar na frase apresentada se esta se realizar como (6), na qual o constituinte «nos troncos» é concebido como o lugar onde:
(6) «Amarraram uma rede nos troncos.»
Disponha sempre!
1. Exemplo apresentado por Duarte in Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, p. 289.