Tem plena justificação a sua dúvida. As normas actualmente em vigor apresentam as regras relativas às paroxítonas dispersas por várias bases e com excepções. Segundo as normas ortográficas em vigor, as palavras terminadas em -a, -e, -o e plurais, com acento tónico na penúltima sílaba (palavras paroxítonas ou graves) não têm em geral acento gráfico, numa prática que já vem da reforma de 1911 (Base XXII). Compreende-se porquê: as paroxítonas são as palavras mais frequentes na língua, e só levarão acento quando for indispensável (para não serem oxítonas, como, por exemplo, órgão). O novo acordo sistematiza melhor as regras e dá como exemplos para este caso as palavras terminadas em e: grave, graficamente. Os trabalhos que também sistematizam as normas ortográficas indicam explicitamente esta regra. Respigo do Prontuário da Texto Editores: «As palavras paroxítonas terminadas em -a, -as, -e, -es, -o, -os, não são normalmente acentuadas na língua portuguesa (ex.: fala, partes, voos).» Diz-se «normalmente» porque há excepções, embora poucas (ex.: amámos em Portugal [no Brasil presentemente: terminações -ôo, algumas -éia e -éico, forma], dêmos, pára, pólo, pêra, pêro, ditongos paroxítonos -ói- como em heróico, intróito, os hiatos como saía, viúvo, etc.). Assim, a razão técnica para que tese não seja acentuada é porque a norma em geral dispensa esse acento nas paroxítonas terminadas em e, e tese não figura nas excepções consideradas. Regra que a norma, aliás, generaliza para as homógrafas heterofónicas (ex.: molho [ô] «calda», molho [ó] «feixe».
Ao seu dispor,