Na frase transcrita em (1), o constituinte «para os meus discípulos» não é complemento agente da passiva pelo facto de não ser introduzido pela preposição por (ou pela preposição de), razão pela qual também não corresponde ao sujeito da frase ativa:
(1) «Muitos vocábulos da língua latina são conhecidos para os meus discípulos.»
Considera-se, por este motivo, que a frase apresentada em (2) é distinta da que se apresenta em (1), sendo esta, sim, uma construção passiva:
(2) «Muitos vocábulos da língua latina são conhecidos pelos meus discípulos.»
Para além disso, a palavra conhecidos, na frase (1), corresponde a um adjetivo usado em frase copulativa ao serviço da descrição de uma situação episódica de forma estática (ver esta resposta).
Por outro lado, não poderemos considerar que o constituinte «para os meus discípulos» desempenha a função de complemento indireto prototípico1 porque este não é substituível pelo pronome lhe:
(3) «*Muitos vocábulos da língua latina são-lhes conhecidos.»
Este constituinte pode, todavia, ser considerado, à luz da proposta de Bechara, um caso de dativo de opinião2, que o autor ilustra como exemplos como os seguintes:
(4) «Para ele a vida deve ser intensamente vivida.»
(5) «Para nós ela é a culpada.»
Isto significa que o constituinte «para os meus discípulos» poderá inclusive surgir noutro espaço da frase, como se confirma em (6):
(6) «Para os meus discípulos, muitos vocábulos da língua latina são conhecidos.»
Disponha sempre!
*Assinala a aceitabilidade da frase.
1. Tratar-se-ia de um caso particular de complemento indireto introduzido pela preposição para.
2. Cf. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Ed. Lucerna, p. 575.