Com efeito, o constituinte «à noite» desempenha a função sintática de modificador (do grupo verbal).
A frase transcrita em (1), que se encontra na forma passiva, tem como forma ativa a frase (2)
(1) «Ele foi arrancado de casa à noite.»
(2) «[O João]1 arrancou-o de casa à noite.»
O verbo arrancar não pede como argumento um constituinte que forneça informação sobre o tempo, pelo que o constituinte «à noite» não é necessário para assegurar a gramaticalidade da frase. Para o comprovar, poderemos usar os testes que permitem distinguir um constituinte com função de complemento oblíquo de um com função de modificador do grupo verbal. Apliquemo-los à frase (2):
(i) Teste pergunta-resposta:
P: «O que é que o João fez à noite?»
R: «Arrancou-o de casa.»
P: «O que é que o João fez de casa?»
R: «*Arrancou-o à noite.»
(ii) Teste de clivagem:
«Foi à noite que o João o arrancou de casa?»
«*Foi de casa que o João o arrancou à noite?»
Ambos os testes permitem verificar se é possível afastar o constituinte do verbo ou se este afastamento determina uma construção inaceitável. No caso da frase (2), os testes mostram que o constituinte «à noite» pode ser afastado do verbo arrancar, pelo que não se trata de um complemento do verbo (ou seja, não é complemento oblíquo, mas antes modificador do grupo verbal.)
Disponha sempre!
*assinala a inaceitabilidade da frase.
1. Introduzimos um sujeito explícito para facilitar a análise.