O estudo da palavrinha se é mais complicado do que parece. Mas vejamos então a frase dada.
(1) Aumentou-se o preço dos combustíveis.
Dizemos que esta frase está na voz passiva, porque é equivalente a uma frase na voz passiva analítica, isto é, com o verbo ser.
(2) O preço dos combustíveis foi aumentado.
Quando podemos fazer esta transformação, a frase está na voz passiva – passiva sintética.
Na frase apresentada, quer com se, quer com o verbo ser, o sujeito é sempre o preço dos combustíveis.
Se considerarmos o se como sujeito, o elemento o preço dos combustíveis passa a desempenhar a função de complemento directo, como se compreende. Mas os gramáticos, geralmente, condenam esta sintaxe. Para estes, estão erradas frases como as seguintes:
(3) Aumentou-se os preços dos combustíveis.
O correcto será «Aumentaram-se os preços...».
Considerando-se voz passiva, o verbo tem de ficar no plural a concordar com o sujeito.
Outras frases do mesmo tipo:
(4) Vende-se casas.
(5) Compra-se livros.
Há, no entanto, quem aceite como certas estas três últimas frases, afirmando que o se é palavra indeterminante do sujeito, tal como vemos em frases como as seguintes:
(6) Aqui está-se bem.
(7) Neste restaurante come-se e bebe-se com prazer.
Há, no entanto, diferenças a que é preciso atender, porque não são frases precisamente do mesmo tipo: nas frases (3), (4) e (5), há complemento directo; nas frases (6) e (7), não há.
Frases como as (4) e (5), lemo-las por todos os lados. Isto não quer dizer que estejam correctas.