Voz passiva sintética, de novo
Por favor, gostaria que me respondessem se há, de facto, a voz passiva sintética. Pergunta estranha a minha, mas justifica-se:
Fazem-se ótimos pastéis em Coimbra.
Ótimos pastéis se fazem em Coimbra.
Apenas coloquei o sujeito antes do verbo, como manda a índole natural de nossa língua, e olhem o que aconteceu: os docinhos (sujeito) se fizeram. Chego à conclusão, não apenas com esse exemplo ilustrativo da situação, de que não há voz passiva nenhuma na língua de Camões e de Ruy Barbosa. Penso que a construção com o "se" reflexivo (dito apassivante) é antiga e queria realmente dizer que "os docinhos se fizeram", para deixar oculto o ser humano que os fez, dando-lhes a habilidade de se auto-fazerem. Porém, penso, hoje em dia não há essa intenção, quando uma pessoa prefere utilizar a construção com verbo transitivo direto + pronome "se". A nítida intenção é dizer que alguém desconhecido ou que não se quer revelar faz alguma coisa. Portanto:
Faz-se deliciosos docinhos em Mangualde.
Deliciosos docinhos se faz em Mangualde. (ordem indireta, menos utilizada na nossa língua).
Enfim, gostaria que comentassem este assunto nessa perspectiva crítica, não com base no que os gramáticos escreveram, porque isso o sei eu muito bem, de cor e salteado. Agradeço desde já esse espaço, é assim, discutindo, que os homens se engrandecem e entendem. Um abraço a todos os professores do “site” (ou sítio?)!
