A frase que apresenta claramente uma intenção equivalente à descrita no enunciado inicial é a A. Não obstante, por meio de um processo inferencial, a frase B também poderá visar o mesmo efeito.
O enunciado inicial descreve um ato ilocutório diretivo com valor de ordem, por meio do qual o locutor solicita ao interlocutor que realize a ação de trazer o livro.
Na alínea A, é apresentado um ato ilocutório que visa exatamente a intenção perlocutória assinalada acima: o locutor ordena ao interlocutor que lhe traga o livro e espera que este realize esta ação.
Na alínea B, por meio da última frase, o locutor realiza também um ato ilocutório diretivo, que pode procurar obter como efeito perlocutório a resposta à pergunta feita. O interlocutor poderá, assim, responder apenas «sim» ou «não», mas nada o obriga a realizar a ação de levar o livro. Todavia, poderemos considerar que o enunciado «Pode trazer o livro amanhã?» corresponde a um ato ilocutório diretivo indireto com uma intenção de ordem muito mitigada, o que se justificaria por uma razão de cortesia linguística. Poderemos identificar este processo em perguntas mais ou menos estereotipadas como «Podes passar o sal?» ou «Pode dizer-me as horas?», que visam não uma resposta afirmativa ou negativa, mas sim uma ação específica por parte do interlocutor: passar o sal ao locutor ou dar a indicação das horas. A ser essa a intenção da frase, estaríamos perante um ato ilocutório diretivo indireto que visaria igualmente o efeito descrito no enunciado inicial.
Consideramos, desta forma, que a frase apresentada na alínea B, sem outro contexto, pode gerar duas interpretações distintas, ambas justificadas. Assim, visto que a frase traz ambiguidade ao exercício, será de proceder à sua reformulação, tal como sugere a consulente.
Disponha sempre!