Como locução subordinativa temporal, «até que» figura em orações subordinadas adverbiais, com o verbo:
(a) geralmente, no conjuntivo, como acontece nas frases apresentadas na pergunta: «o Rui esperou até que o chamassem» [exemplo da Gramática do Português (GP) da Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 2001];
(b) no infinitivo: «o Rui esperou até o chamarem»;
(c) em contexto narrativo, no indicativo (idem, ibidem): «o carro enterrou-se na areia, e ninguém conseguia tirá-lo de lá, até apareceram os bombeiros».
O uso do conjuntivo (subjuntivo, no Brasil) como se ilustra em (a) pode ser entendido como uma propriedade típica das orações subordinadas introduzidas pela locução «até que», as quais, denotando uma situação pontual (o evento marcado por «chamassem»), constituem, em relação à oração principal («o Rui esperou»), um limite temporal impreciso, de caráter genérico e contingente («o Rui esperou o tempo que foi preciso»). O uso do indicativo em c), tem «[...] função predominantemente narrativa, correspondendo a uma situação pontual que interrompe (inesperadamente) uma outra situação de caráter prolongado [...]» (idem, ibidem).
Este contraste entre conjuntivo e indicativo torna-se mais saliente nas orações de «até que», quando se procura associar a locução «de repente»: com efeito, enquanto esta é incompatível com a frase em (a) – é estranha uma sequência como «o Rui esperou até que, de repente, o chamassem» –, já a sua inserção na frase ilustrativa do uso referido em (c) – «não conseguíamos sair dali, até que, de repente, apareceram os bombeiros para nos ajudar» – é aceite sem hesitação.