O apelido escreve-se Gameiro, mas há variantes de pronúncia.
É provável que Gameiro tenha origem num derivado de gamo, talvez pelo uso toponímico de gameiro, como alusão a «lugar gameiro», isto é, «lugar onde há gamos» (cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Livros Horizonte, 2003)1. Sendo assim, a pronúncia mais previsível deste nome é com a fechado", tendo em conta que a vogal figura numa sílaba átona.
Note-se, porém, que, em matéria de nomes próprios, há certa margem de tolerância para com pronúncias que não correspondam ao padrão ou às regras de correspondência entre letras e sons. Deste modo, embora gameiro com a fechado pareça a pronúncia recomendável, não se justifica considerar que "gàmeiro"1 com a aberto átono constitui um claro erro.
Esclareça-se também que, em "Gàmeiro", ou seja, na variante com a aberto átono, esta vogal se mantém átona, sem afetar a prosódia do nome. Por outras palavras, mesmo que o nome seja pronunciado com a aberto – talvez por analogia com casos como os de Sameiro ou saveiro , que soam respetivamente "sàmeiro" e "sàveiro –, o nome em questão não passa a palavra exdrúxula. Pelo contrário, "gàmeiro" é sempre palavra grave, tal como a forma recomendada, "gameiro".
1 O apelido Gameiro também é comentado na Antroponímia Portuguesa (Lisboa, Imprensa Nacional, 1928, pág. 169), de J. Leite de Vasconcelos (1858-1941), que o relaciona com a toponímia: «Gameiro, lugar no distrito de Santarém. A palavra deriva de gamo.» Refira-se, ainda, que a forma gameiro se regista como nome comum, cujo significado, «relativo a uma variedade de milho amarelo», não parece guardar relação direta com gamo (cf. Infopédia). Neste caso, a pronúncia transcrita corresponde ao esperado, conforme o padrão, isto é, o a encontra-se em sílaba átona e, portanto, soa como um a fechado: [ɡɐˈmɐjru].
2 Desde a Reforma Ortográfica de 1911 que o acento grave – ` – não representa o acento de intensidade. O uso deste sinal gráfico, que assinala o timbre aberto de uma vogal átona, foi-se reduzindo cada vez, até que, em 1973, quando ainda vigorava o Acordo Ortográfico de 1945, o acento grave ficou limitado às contrações da preposição a com o artigo definido a (à) e o a inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aquilo, aqueloutro (àquele, àquela, àquilo, àqueloutro). O acento grave também aparece frequentemente na representação da pronúncia figurada, de modo a facilitar a indicação de uma vogal aberta em posição átona; exemplo: «a palavra padeira pronuncia-se "pàdeira"».