Nos casos que apresenta, a utilização de sinal de crase é inevitável se for obrigatória a estrutura as suas (artigo definido feminino + determinante possessivo) por se tratar de um complemento indireto. O que pode testar (Cintra):
«indiferente às carências dele(a)s»
«tento às conversas dele(a)s»
Assim se determina o imperativo do uso do sinal de crase, pela obrigatoriedade do regime/da regência do adjetivo indiferente e do nome/substantivo tento do uso da preposição a [(+ a: Era indiferente às festas); Dar tento (a), Dicionário Aulete] e do determinante no nome:
forma verbal + indiferente/tento + a + a (artigo definido) + determinante possessivo + nome (feminino), como nos exemplos:
«[…] pelo que o Estado não pode ficar indiferente às suas dificuldades» (corpus CETEMPúblico).
«[…] o restante da sociedade se mantendo indiferente às suas conquistas […]» (corpus CETENFolha).
Se, porém, <u"> suas assumir o valor de indefinido (Cunha e Cintra, 1984), desaparece a crase.
Na ausência do determinante possessivo, continua a verificar-se a crase:
«[…] era de um autismo absoluto, indiferente às inquietações de uma população insegura» (corpus CETEMPúblico).
«[…] indiferente às cinco horas de atraso com que chegou à Suécia, treinou tarde e a más horas, mas treinou» (corpus CETEMPúblico).
Mesmo com nome feminino no singular:
«[…] Pina Bausch, figura maior da teatralidade, não foi indiferente à ópera […]» (corpus CETEMPúblico).
A crase não se verifica quando a estrutura se aplica sobre complemento direto, antecedido de artigo indefinido, numeral, determinante demonstrativo ou indefinido, mesmo sendo feminino singular ou plural:
«[…] não fiquei indiferente a umas Cartas ao Director recentemente publicadas neste jornal.» (corpus CETEMPúblico).
«A arte é indiferente a qualquer teleologia (corpus CETENFolha).
«O Sousa Bastos continua indiferente a todas estas indecisões […]» (corpus CETEMPúblico)
«Neutro (e mesmo por muito tempo indiferente a essas literaturas, muito provinciano, porque exclusivamente centrado sobre si mesmo) […]» (corpus CETENFolha).
«Era impossível ficar indiferente a tamanha demonstração de autenticidade, com tão pouco gesto, mas tanta eloquência na atitude e tão fundo drama na voz» (corpus CETEMPúblico).