A razão de se escrever erradamente "á" em lugar de à (contração da preposição a com o artigo definido a, forma do género feminino) deve encontrar-se mais na particularidade de o acento grave ser muito pouco usado (na verdade, nesta contração e noutras, em pequeno número). É, pois, plausível que quem escreva tenda a generalizar a estas contrações o uso do acento mais frequente, que é o agudo. No entanto, deve assinalar-se que, antes da reforma ortográfica de 1911, se encontra a grafia á registada em dicionários – por exemplo, no Diccionario de Portuguez (1850) de E. F. Faria: «A, s. m. [...] com um acento agudo (á) é contracção da proposição [sic] a com o artigo ou pronome a, em lugar de aa (ir á caça, por ir aa caça [...].» Não é que se trate de outra palavra ou de uma forma arcaica da palavra: ao que parece, a pronúncia do português de Portugal de meados do século XIX seria a mesma que a de hoje, como chamado a aberto (por oposição ao a fechado do artigo definido no género feminino). O que aqui temos é apenas o facto de a ortografia de 1850 ser diferente da que foi instaurada pela referida reforma de 1911, que veio consagrar a atual grafia da contração, com acento grave.