É adequada a descrição que é feita na pergunta sobre a palavra azeite (do árabe zayt, «óleo, essência, azeite») e do contraste existente entre os respetivos usos no Brasil e em Portugal1. No Brasil, é, portanto, frequente a expressão «azeite de oliva», enquanto, em Portugal, se diz apenas «azeite», uma vez que empregamos óleo, em todos os outros casos.
Também se confirma aqui que entre oliva e óleo há uma relação etimológica muito estreita, porque são palavras que partilham o mesmo radical latino, que tinha duas variantes ole- e oli-. Com efeito, óleo vem do nome latino oleum, que significava «azeite», e oliva é adaptação de oliva, que em latim designava a árvore (oliveira) e o fruto chamado correntemente azeitona, ou oliva, que isoladamente ocorre menos (sobretudo em Portugal).
Assinale-se que as palavras latinas constituíam adaptações de duas palavras do grego antigo: com efeito, oleum corresponde a élaion, ou («azeite de oliveira»); e oliva, a elaía, as («azeitona; oliveira»).
Acrescente-se, por último, que azeitona (como o espanhol aceituna) vem do árabe dialetal hispânico (ou árabe andalusi) azzaytúna, que equivale ao árabe clássico zaytūnah, por sua vez um empréstimo da língua aramaica, com a forma zaytūnā, diminutivo de zaytā, «azeite», neste último idioma2. O topónimo português Azeitão (Setúbal) tem origem na mesma raiz árabe, na forma zaytún, «oliveiras», plural de zaytúna3.
1 Em espanhol, também se emprega o termo correspondente, aceite, para designar não só o azeite de oliva (ou, numa perspetiva mais à moda de Portugal, óleo de azeitona), mas também qualquer óleo, incluindo os destinados a lubrificar máquinas e motores (cf. aceite no Dicionário Espanhol-Português da Infopédia).
2 Cf. Federico Corriente, Diccionario de Arabismos y Voces Correntes en Iberromance, Gredos, 2003, s.v. aceituna.
3 Cf. Robert Pocklington, "Lexemas toponímicos andalusíes I", Alhadra,, vol. 2, 2016, pp. 311/312.