Todas as palavras estrangeiras que entraram em a nossa língua foram adaptadas à nossa pronúncia, aos nossos hábitos fonéticos, pois muitas vezes há nelas fonemas inexistentes em português, que naturalmente são substituídos por outros que se lhes assemelham alguma coisa. Por vezes há outras mudanças gramaticais, quando não se percebe o que se passa nessas línguas, por exemplo, do ponto de vista morfológico. Um exemplo típico é o artigo definido invariável árabe al-, que entrou em português juntamente com quase todas as palavras dessa origem, pois os Portugueses julgavam-no parte integrante dos substantivos. Assim, quando dizemos o almude, o Alcorão, o alguidar, o algodão, etc. há repetição inconsciente do artigo; tal facto, porém, não justifica o galicismo Corão; em francês o al- não entrou; por isso em França se diz coton, enquanto nós proferimos algodão. Com palavras africanas, tupis e orientais, deram-se, sem dúvida, casos semelhantes, pois não as dizemos tal qual como os seus falantes.