Na linguagem coloquial usado num registo informal a elipse do pronome átono é muito frequente:
(1) « ̶ Viste o João?»
« ̶ Sim, vi.» (= «Sim, vi-o.»)
Este fenómeno, designado objeto nulo, não prejudica a comunicação porque o contexto discursivo ou situacional permite recuperar o constituinte elidido, de modo a que não se perca informação. No entanto, na escrita, em registo formal, é sempre preferível optar pela realização do complemento direto/ objeto direto, evitando a elipse de pronomes átonos.
No caso apresentado pelo consulente, podemos considerar que evidencia uma situação similar à anteriormente descrita. Não obstante, poderemos ainda estabelecer uma diferença entre as frases (2) e (3):
(2) «Quando você chegar, avise-me.»
(3) «Quando você chegar, avise.»
Na frase (2), o cumprimento do pedido tem como alvo expresso o locutor. Já na frase (3), a interpretação do complemento omitido é genérica, pois não se refere um alvo concreto, pelo que poderá corresponder a qualquer pessoa («avise alguém»).1
Disponha sempre!
1. Para maior aprofundamento cf. Duarte e Costa in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp.2339 - 2348.