No caso em análise, a construção «estar para» é usada coloquialmente para localizar o sujeito da frase num dado espaço físico.
A estrutura «estar para» pode ser usada com diversos sentidos, tais como «sentir disposição ou inclinação (ger. us. em orações negativas)»1, como se exemplifica em (1):
(1) «Não estou para conversas.»
Também é usada em estruturas comparativas, em construções como a que se assinala em (2):
(2) «O casaco está para o Rui como o sol está para o verão.»
A construção pode também surgir com um valor modal que assinala o início iminente de uma dada situação:
(3) «Ele está para chegar.»
Por fim, sobretudo em contextos de oralidade informal, a construção usa-se para indicar, de forma difusa, um local afastado do locutor e/ou do interlocutor onde se encontra, encontrou ou encontrará o algo/alguém. Encontramos na literatura2 registos deste uso, associados sobretudo a situações de interação verbal entre personagens:
(4) «− O rapaz − tornou Gaudêncio − esse é arraçado, mas está para o moinho, desde ontem ao pôr do sol, a moer uma fanega.» (Manuel Ribeiro, A Planície Heróica, 1927)
(5) «− O Sr. Padre Soeiro, creio que está para casa da Srª D. Arminda…» (Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires.)
(6) «− Coitado, lá está para Celorico.» (Eça de Queirós, Os Maias.)
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1. Consultou-se o Dicionário Houaiss.
2. Com base numa pesquisa no Corpus do Português, de Mark Davies.