Na interpretação mais comum, o quantificador universal todo integra o grupo nominal que, na frase em apreço, desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal, com valor temporal, do verbo «caminharam», cujo núcleo é o nome «dia», completado com o quantificador «todo» e o determinante «o», constituindo, na globalidade, uma estrutura a que se atribui a designação de sintagma, ou, segundo o Dicionário Terminológico, grupo, como designámos acima.
Numa interpretação mais inovadora, poderíamos considerar que se constitui um «modificador do nome», integrando sempre, todavia, o sintagma, ou grupo nominal.
Com efeito, todo é um quantificador universal que, como diz Ana Maria Martins na Gramática da Língua Portuguesa (Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 359), «pode vir separado do resto da expressão nominal, na construção chamada “flutuação de quantificador”». Dá como exemplos:
1 «As maçãs estão todas verdes»
2 «Os camponeses trabalharam todos até à noite.»
Eduardo Paiva Raposo e Matilde Miguel afirmam na Gramática do Português, vulgo, Gramática da Gulbenkian, p.723, que «Os quantificadores todos e ambos iniciam o sintagma nominal e precedem um nome especificado por um determinante definido (artigo ou demonstrativo), [e] em particular, não podem preceder diretamente um nome.»
«A posição ocupada por estes quantificadores leva por vezes a considerar que se combinam, efetivamente, com um sintagma nominal completo, criando um novo sintagma de classe diferente, do qual são o núcleo, ao qual se pode chamar sintagma quantificacional (abreviado SQ)»
Exemplificam com:
a) [SQ Todas [SN as/estas crianças]]
Dizem ainda que «o quantificador todos pode ocorrer no final do sintagma nominal»:
b) [[SN As crianças [SQ todas]
Em síntese, o quantificador todos, independentemente da sua posição, integra o grupo nominal, atribuindo ao nome um sentido universal, que, dada a sua flexibilidade posicional, pode, ou não, constituir um grupo autónomo no seio do grupo nominal.