Geralmente, o registo dicionarístico de uma palavra já é indicativo da sua existência. No caso, o registo de desumilde não só se encontra na Infopédia, mas também no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Poderia pensar-se que estes são dicionários que, por serem eletrónicos e estarem em linha, têm tendência a dar entrada a palavras novas (neologismos), eventualmente de uso discutível.
Consultando um dicionário mais antigo, o Grande Dicionário da Língua Portuguesa (1991), de José Pedro Machado, observa-se, porém, que também aqui figura desumilde. Mas o uso deste adjetivo será muito mais antigo. Com efeito, ocorre numa atestação de Camilo Castelo Branco (1825-1990), incluída no registo que o Dicionário de Caldas Aulete (consultou-se a versão em linha) faz da palavra:
«desumilde adj. || que não é humilde; em que não há humildade: Acontece o mesmo em toda a parte – contrariou Fernando com certo desabrimento desumilde. ( Camilo, Agulha em Palheiro, c. 2, p. 29. ed. 1865.) F. Des... +humilde.»
Em suma, desumilde existe, tem uso atestado há, pelo menos, 150 anos e está correto.