Independentemente do Dicionário Terminológico (DT), o termo uniforme não se aplica muito bem a nomes e sim a adjectivos. Com efeito, um adjectivo, se for uniforme, poderá ser utilizado a modificar, sem sofrer alterações, um nome masculino («É um rapaz simples») ou um nome feminino («É uma rapariga simples»).
No caso concreto dos nomes em apreço, não vislumbro forma de eles assumirem simultaneamente os dois géneros, mesmo que admitisse a mudança de género destas palavras. Mesa é sempre uma mesa; cadeira é sempre uma cadeira; e mesmo o aumentativo desta, cadeirão, será sempre masculino…
Os nomes podem ser, isso, sim, epicenos, no caso de animais cujo feminino é indicado pelo acréscimo da palavra fêmea ou macho; sobrecomuns, se não sofrem qualquer alteração como em «a testemunha», que se usa sempre com a mesma forma e o mesmo determinante quer para o feminino quer para o masculino; comum de dois, quando, mantendo-se o nome invariável, se regista uma alteração no determinante que o precede: o estudante, a estudante.
Cito o que, acerca do género, se diz no DT:
«B.2.2.1. Flexão nominal e adjectival
Género
Categoria morfossintáctica que está presente em todos os nomes, em alguns adjectivos (os adjectivos biformes) e em alguns pronomes. Em português, há dois valores de género: masculino e feminino. Nos nomes que referem uma entidade animada (uma pessoa ou um animal), o valor de género corresponde, tipicamente, a uma distinção de sexo (i), excepto no caso dos nomes epicenos (como "sapo" ou "corvo"), sobrecomuns (como "vítima" ou "cônjuge") e comuns de dois (como "estudante" ou "jornalista") e ainda em casos irregulares (como no par “cavalo”/”égua”). Nos restantes nomes, esta correspondência não se verifica (ii).
(i) gato-gata
(ii) caso-casa»