Recentemente, foi-me apontado um erro de regência verbal numa estrutura sintática semelhante a "Duas bicicletas chocam uma na outra". A justificação é a de que o verbo "chocar", com o sentido de "embater" não admite a preposição "em" e que só a preposição "com" é aceitável neste contexto. A única versão possível seria, portanto, "Duas bicicletas chocam uma com a outra".
Consultei o dicionário Houaiss (Círculo de Leitores, 2015) e constatei que o verbo "chocar" pode ser regido de três preposições, nomeadamente "com", "contra" e "em", mas o dicionário em questão não foi aceite como uma fonte confiável por se tratar de um trabalho de um autor brasileiro. Sem querer discutir a relevância desta referência que eu pessoalmente considero primordial e muito relevante para as questões linguísticas de todas as variantes da língua, na minha maneira de ver, qualquer uma destas preposições estaria correta, e "chocam uma na outra" teria o mesmo valor que "chocam uma com a outra" ou até de "chocam uma contra a outra".
Poderão ajudar-me a perceber se estarei errada?
Obrigada.
Na frase, na qual se faz uma breve citação de Camões, perguntava-vos se o verbo destacado foi corretamente utilizado:
«O vento era muito forte como se fossem "touros indómitos".»
No Brasil, há a expressão «no ponto».
Será que pode ser usada em termos mais gerais ou será que é preciso dizer «no ponto certo» na frase a seguir: «...crocante por fora, macia por dentro e no ponto certo»?
Obrigado.
Na frase «A perseverança ajuda-nos a lidar com esse tal de medo» a preposição destacada é necessária?
Obrigado.
Em frases em que o advérbio aparece no final da frase, por exemplo, «João foi à escola durante o período da tarde», essa frase deve ser virgulada («João foi à escola, durante o período da tarde») ou não?
Existe alguma regra na gramática tradicional que se deve seguir caso o advérbio apareça na posição final em frases?
Obrigado.
Gostaria de esclarecer uma dúvida sintática a partir de uma frase escrita por Fernando Pessoa:
«Sim, não há desolação, se é profunda deveras, desde que não seja puro sentimento, mas nela participe a inteligência, para que não haja o remédio irónico de a dizer.»
O trecho que mais me intriga é: «...mas nela participe a inteligência...»
Minha dúvida é quanto à natureza sintática e estilística dessa construção. Em português corrente, eu esperaria algo como: «...desde que nela participe a inteligência» ou «...a não ser que nela participe a inteligência», ou mesmo «...mas somente se nela participar a inteligência».
A forma usada por Pessoa – «mas nela participe» – parece deslocar-se do uso adversativo comum do mas e se aproximar de uma construção concessiva ou condicional elíptica, talvez por razões estilísticas.
Essa forma poderia ser considerada um galicismo sintático? Ou haveria influência do inglês, língua que Pessoa dominava e na qual também escrevia? Em inglês, construções como «There is no desolation, but that in it takes part the intelligence» seriam estilisticamente aceitáveis em prosa poética antiga, o que me faz suspeitar de possível interferência estrutural.
Gostaria de saber como se classifica esse uso do mas na gramática do português e se há paralelos em nossa tradição sintática ou se trata mesmo de uma licença poética.
Agradeço desde já pela atenção e pelos esclarecimentos.
Em primeiro lugar o verbo elogiar. Queria elogiar o vosso grande e louvável trabalho.
A minha questão está relacionada com a regência do verbo pagar. Estive a ler algumas das vossas respostas com este tema. Contudo, tenho uma dúvida.
Podemos dizer «pagar com dinheiro» e «pagar em dinheiro»? Existem algumas regras específicas para o uso duma e outra preposição?
Obrigado pela atenção dedicada a este tema.
Na letra da canção popular «Ó rama, que linda rama», há versos que dizem: «Se houvera quem me ensinara/ quem aprendia era eu.»
Qual é o motivo da utilização do mais-que-perfeito do Indicativo (houvera, ensinara), e não do imperfeito do conjuntivo (houvesse, ensinasse)?
Muito obrigado.
Devemos escrever «escrito a quatro mãos» ou «escrito a duas mãos»?
Depois de ter pesquisado sobre a origem dos termos náuticos bombordo e estibordo, entendo que são, com grande certeza, de origem germânica, mais propriamente do neerlandês, e que viajaram até ao português através do francês, provavelmente no séc. XV/XVI. Mas se a expansão portuguesa teve início ainda no séc. XIV, o que pedia que me ajudassem a descobrir é quais seriam os termos equivalentes que os portugueses usavam nessa época precisamente para bombordo e estibordo.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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