O verbo de «perceção»¹ ver, na frase em análise, classifica-se como principal transitivo direto, uma vez que seleciona um complemento direto, sob a forma de grupo oracional: «apagar-se a luz do quarto».

A frase pode dividir-se em duas orações: «O rapaz viu» é a oração subordinante; «apagar-se a luz do quarto» corresponde à oração subordinada substantiva completiva e, quanto à flexão verbal, não finita infinitiva.

Se fizermos o teste da pronominalização, a oração subordinada pode ser substituída pelo pronome pessoal o ou pelas formas neutras dos pronomes demonstrativos isso, isto ou aquilo:

(1) O rapaz viu-[o].

(2) O rapaz viu [isso/isto/aquilo].

Esta oração subordinada substantiva completiva não finita infinitiva poderia assumir a forma finita e, desta forma, seria introduzida pela conjunção subordinativa completiva que (também designada como «complementador»¹), assumindo a forma verbal «apagar-se» um tempo finito:

(3) O rapaz viu [que a luz do quarto se apagou.] ou

(4) O rapaz viu [que a luz do quarto foi apagada.]

Em (3) e (4), a oração subordinada substantiva completiva encontra-se na voz passiva: em (3), se é um pronome apassivante; em (4), é o verbo auxiliar ser que denuncia a voz passiva² (o complemento agente da passiva está omisso).

¹ Pilar Barbosa e Eduardo Buzaglo Paiva Raposo (2013). Subordinação Argumental Infinitiva. In Raposo, Eduardo Buzaglo Paiva; Nascimento, Maria Fernanda Bacelar do; Mota, Maria Antónia Coelho da; Segura, Luísa; Mendes, Amália. Gramática do Português (Volume II, Capítulo 30, pp. 1927-1934 e 1961 e 1962). Fundação Calouste Gulbenkian.

² Eduardo Buzaglo Paiva Raposo (2020). Concordância Verbal. Ibidem (Volume III, Capítulo 46, pp. 2477 e 2478). Fundação Calouste Gulbenkian. Mateus, Maria Helena Mira et al. (2003). Gramática da Língua Portuguesa (Parte IV, Aspetos Sintáticos da Gramática do Português, pp. 593-626). Fundação Calouste Gulbenkian.