Vírgulas e deslocação de complementos verbais
Por gentileza, poderia me informar se, quando a ordem está invertida, entre verbos e seus complementos, é preciso virgular?
Ex.: «De maçã, eu não gosto.»
Impensado e impensável
As palavras impensado e impensável podem ser usadas como termos sinônimos e equivalentes em alguns contextos?
Ou sempre há diferenças bastante consideráveis entre as duas para suas respectivas utilizações gramaticais?
Muitíssimo obrigado e um grande abraço!
Os valores semânticos da construção ao + infinitivo
Tenho visto algumas frases em que a construção ao + infinitivo me parece inadequada, possivelmente por resultar de traduções literais do inglês by + ing form, e gostaria de saber se a sua aplicação está correta ou não nos exemplos de 1 a 3.
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Intuitivamente, costumo usar a construção ao + infinitivo em orações temporais ou temporais-causais e valido a sua utilização substituindo-a por quando ou marcas temporais similares, como nestes exemplos.
4) Ao sair de casa, reparei que me tinha esquecido da chave. (Quando saí de casa, reparei que me tinha esquecido da chave)
5) A rapariga corou ao ver o rapaz. (A rapariga corou porque/quando viu o rapaz)
6) Ouviu as notícias ao preparar o jantar. (Ouvi as notícias enquanto preparava o jantar)
Eu percebo que nos exemplos de 1 a 3 se possam substituir as expressões ao + infinitivo por quando e, ainda assim, obter frases gramaticais. Contudo, parece-me que há uma notória alteração no significado destas frases. Para ser mais exata, estas frases são exemplos inspirados em traduções do inglês em que a forma ao + infinitivo serve de tradução de by + formas terminadas em -ing, que optei por não partilhar na plataforma por razões de confidencialidade. No entanto, em inglês seria mais ou menos assim:
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3) Learn more news by reading this article traduzido como «Descobre mais novidades quando leres este artigo».
Partindo dos exemplos em inglês, não me parece que haja uma intenção temporal/causal nas construções introduzidas por by + formas terminadas em -ing. Na verdade, estas construções parecem-me muito próximas daquilo a que anteriormente designávamos como complemento circunstancial de modo:
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Convocando outros exemplos, não me parece que na nossa língua se utilize o ao + infinitivo para descrever a forma como certas ações são concluídas e daí a minha estranheza perante estas estruturas.
Parece-me mais natural dizer:
7) «Visitámos vários países viajando de bicicleta» do que *Visitámos vários países ao viajar de bicicleta
8) «Ela informa-se das notícias lendo o jornal» do que *Ela informa-se das notícias ao ler o jornal
9) «Desloco-me ao escritório conduzindo» do que *Desloco-me ao meu escritório ao conduzir.
Ou seja, se a minha intenção é a de explicar de que forma concluo determinada ação, é natural a aplicação desta estrutura?
Obrigada pela ajuda.
A palavra crescas num poema galego-português
Gostava de saber o que significa a palavra medieval "crescas".
Exemplo: na cantiga de escárnio de Aires Vuitorom "A lealdade do Bezerra pela beira muito anda", consta (verso 34):
«Diz Pacheco: "Alhur, Conde, pede que vos digam: Crescas!"»
Obrigado e bem hajam por este site.
Particípios latinos e sufixo -nt(e)
A língua portuguesa começou por ser a latina, ou mais especificamente a romana, que os soldados romanos é que conquistaram a Galécia, os outros povos latinos permaneceram grandemente na terra natal, falada pelo povo galaico, cuja língua era uma outra e que teve então que aprender a dos conquistadores. Não a aprenderam impecavelmente porém, inevitavelmente, e tal como alguns termos nativos perduraram, alguns latinos não passaram, ou passaram mas não perduraram.
Desconheço porém como posso determinar a empregabilidade dos étimos latinos na produção portuguesa, atendendo ainda por cima aos latinismos posteriores. Posso obviamente guiar-me pelos dicionários, mas, embora a presença do termo confirme a empregabilidade, a ausência não a descarta pelas limitações necessárias das obras lexicográficas.
Os falantes nativos podem enganar-se logo os achados eventuais dalgum emprego do termo pretendido não garantem a empregabilidade correta. Posso dirigir-me às autoridades linguísticas, no meu caso a Academia de Ciências de Lisboa, mas parece-me uma abordagem pouco prática. Há então alguma maneira mais prática? Exemplifico.
Há vários substantivos ou adjetivos verbais latinos, mas a gramática portuguesa inclui destes só o particípio (passivo) passado e o gerúndio. Logo, nenhuma garantia geral da existência dos outros substantivos ou adjetivos há, mas alguns deles existem, sem o verbo correspondente até. Alguns particípios passados latinos foram transformados além disso nos adjetivos ou substantivos portugueses correspondentes, diferentes dos particípios passados dos verbos portugueses correspondentes. O verbo latino exhaurire, a que me refiro pelo infinitivo, consistentemente com a convenção portuguesa, foi transformado no verbo português exaurir, cujo particípio passado é reconhecido como sendo exaurido, mas o particípio passado latino exhaustum, a que me refiro pelo caso acusativo, de que o termo português descende, foi transformado no adjectivo português «exausto». Que outros casos análogos há?
Posso dizer incluso ou excluso? Quanto aos particípios (ativos) presentes, cujo emprego pretendo tantas vezes mas não faço pelo meu desconhecimento da possibilidade, quais existem? Posso dizer "permitente" ou "definiente"?
Menciono só algumas possibilidades que me ocorreram recentemente mas a dúvida generaliza-se aos casos todos em que o étimo latino existe, ou existiu, e a palavra portuguesa correspondente pode ser «reconstruída progressivamente», se é que me faço entender (a reconstrução linguística é percebida como regressiva geralmente).
Obrigado.
«Passar a vida a» + infinitivo
Venho perguntar qual das frases é correta, ou mais correta: "passamos a vida a rebolar-nos na erva" ou "passamos a vida a rebolarmo-nos na erva"?
Substantivo e nome
Em português de Portugal é errado classificar uma palavra como substantivo em vez de nome?
Doutorando com preposição
Estou a terminar um doutoramento numa instituição e gostaria de saber se devo dizer que sou "doutoranda nessa instituição" ou "doutoranda dessa instituição".
Muito obrigada.
A construção «mesmo sem» + infinitivo
Aqui no Brasil muitas pessoas costumam construir orações concessivas com a expressão «mesmo sem» a anteceder um verbo no infinitivo.
Exemplo: «Mesmo sem vê-lo, posso senti-lo.»
Entendo que se trata de uma locução de cuja legitimidade eu duvido bastante. Gostaria de saber a vossa opinião.
Agradeço-vos a atenção!
A expressão «destilar ódio»
Na frase «o perfil dela é desfilar de ódio contra tudo e contra todos», não seria mais correto o uso do verbo desfiar no sentido de «fazer correr em fio»?
Obrigado.
