DÚVIDAS

A distinção entre siglas e acrónimos
A minha dúvida refere-se à distinção entre siglas e acrónimos. Li algumas das respostas anteriores, mas não fiquei devidamente esclarecida, uma vez que em certas respostas aquilo que já tinha sido definido como sigla era apresentado como acrónimo, e vice-versa. Compreendo que isto resulta de diferentes interpretações, mas (e digo isto em jeito de desabafo) às vezes é mais subjectiva a interpretação de aspectos gramaticais do que a interpretação de um poema... Vou colocar a minha dúvida baseada na definição de sigla e acrónimo apresentada no Dicionário Terminológico (DT), uma vez que é ele que servirá de base aos professores no ensino do Português e é para ele que remetem os novos programas do ensino básico, no que diz respeito ao Conhecimento Explícito da Língua. Sigla — palavra formada através da redução de um grupo de palavras às suas iniciais, as quais são pronunciadas de acordo com a designação de cada letra. Exs.: Partido Comunista Português -> PCP; Partido Social-Democrata -> PSD; Sporting Clube de Portugal -> SCP. Acrónimo — palavra formada através da junção de letras ou sílabas iniciais de um grupo de palavras, que se pronuncia como uma palavra só, respeitando, na generalidade, a estrutura silábica da língua. Exs.: Fundo de Apoio às Organizações Juvenis -> FAOJ Liga dos Amigos da Terceira Idade -> LATI Federação Nacional de Professores -> FENPROF Assim sendo, palavras como ONU, VIP, INEM não deverão ser consideradas acrónimos e não siglas, como tenho lido? Não se pronunciam com a designação das letras que as constituem. Não dizemos «ó-êne-u», mas sim «ónu» (ONU); não dizemos «vê-i-pê», mas «vip(e)» (VIP); não dizemos «i-êne-é-ême», mas sim «inéme» (INEM). Esta último respeita, como é dito na definição, «na generalidade, a estrutura silábica da língua portuguesa» e não na totalidade (ou ler-se-ia, «i-nem»), mas por uma questão de bom senso fonológico e para evitar uma sonoridade cacofónica. É esta a interpretação que faço (e penso que os exemplos de acrónimos dados no DT são esclarecedores), mas continuo a ler interpretações diferentes. O que fazer ao elaborar materiais de apoio? O que transmitir aos alunos? Grata pela atenção dispensada!
Anos, décadas, séculos
Relativamente à resposta sobre as décadas e os anos 20, 30, etc., não me considero esclarecido. A minha dúvida é a seguinte: Dado que os séculos começam em 01 e terminam em 00 (inclusive), o período que vai, por exemplo de 1901 em diante até 2000 é o século XX; Assim, como regra geral, os séculos tomam o seu número do último ano, porque é nele que eles se perfazem; Em consequência, se dividirmos os séculos em dez décadas, a lógica será também a mesma: o período de 1901 a 1910 é a primeira década, ou década de dez, o período de 1911 a 1920 é segunda década ou década de vinte, o e 1921 a 1930, a terceira década ou década de trinta, e assim sucessivamente; Há, porém, uma outra expressão para designar períodos de dez anos, a saber, a expressão "anos vinte", "anos trinta", etc. Aí, a lógica parece-me outra, pois toma-se em consideração os grupos de anos que têm o mesmo algarismo nas dezenas; Assim, a expressão "anos vinte" refere-se aos dez anos compreendidos entre 1920 e 1929, ao passo que por "década" se entende vulgarmente os períodos entre 1911 e 1920 (segunda década) e 1921-1930 (terceira década do século); Como consequência, as expressões "década de x" e "anos x" não se referem exactamente aos mesmos grupos de anos e assentam em critérios de reunião diferentes, a que acresce, ainda, o facto de, por exemplo, 1925 ser dos "anos vinte" e pertencer à terceira década ou década de trinta; Ora, nas respostas dadas, partia-se do suposto que essas duas expressões eram equivalentes.   É essa a minha dúvida.   Muito obrigado.
Padre, P. e Pe
Tenho visto escrita em revistas e jornais a abreviação da palavra "padre" de duas maneiras: «P.» e «Pe». No Anuário católico, quando se enumeram os sacerdotes das várias dioceses, aparece, a meu ver, mais correctamente, apenas a abreviação P., seguida dos nomes... Qual é a forma correcta? Ou se ambas forem consideradas correctas, a preferível? E como surgiu a segunda forma: por "influência" brasileira?
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa