DÚVIDAS

Maláui, aportuguesamento de Malawi
No texto do Acordo Ortográfico de 1990, na sua Base I, ponto 2., especifica-se: "[a]s letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais: (...) b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano". No entanto, na mesma Base I, mas no ponto 6. recomenda o Acordo "que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Muniche; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique, etc." Consultando o Vocabulário Toponímico do Vocabulário Ortográfico Comum, que vem aplicar as normas do novo acordo, encontramos nele única e exclusivamente a grafia Maláui. Devemos interpretar que, por altura da preparação do acordo, esta forma (Maláui) não tinha entrado ainda no uso corrente e que é por isso que a mesma surge como exemplo no ponto 2. para um uso legítimo do "w"? Quão autoritária deve ser esta menção a "Malawi" como topónimo não adaptável (mas que na prática já o foi)? E como proceder com as seguintes formas normalizadas pelo VOC: Botsuana, Zimbábue, Burquina Fasso ou Seicheles, ou mesmo com o recente, Essuatíni? Muito obrigado.
O aportuguesamento, a partir do latim, de nomes escandinavos antigos
Cito abaixo os nomes latinos e seu respectivo nome nórdico, colocando em seguida o nome aportuguesado que sugiro [exemplo: Adelus (Adils/Eadgils) –  Adelo]. Como são nomes não atestados fora da Wikipédia,  preciso do crivo de um linguista para usá-los.   * Adelus (Adils/Eadgils) – sugerido Adelo. * Agnus/Agnius (Agne) – sugerido Agno ou Ágnio. * Alaricus e Ericus (Alrekr e Eiríkr) – sugerido Alarico e Érico. * Amundus (Amund) – sugerido Amundo. * Anundus (Anund) – sugerido Anundo. * Aunus (Aun) – sugerido Auno. * Biornus (Bjørn/Bjǫrn/Björn) – sugerido Biorno. Há uso no espanhol e no italiano e há residual uso em português. * Dagerus/Dagus Sapiens (Dagr Spaka) – sugerido Dagero/Dago, o Sábio. * Dagnerus (Dyggve) – sugerido Dignero. * Domalder (Domalde/Dómalda/Domalde/Dómaldi) – sugerido Domaldro. * Elfus e Inguinus (Alf e Yngve/Alfr e Yngva) – sugerido Elfo e Inguíno. * Fliolmus/Fiolni (Fiǫlnir/Fjǫlnir/Fjölner) – sugerido Fliolmo. * Gudrodus (Guðrøðr/Gudrød) – sugerido Gudrodo. * Hacus (Hake) – sugerido Haco. * Haldanus (Halfdan) – sugerido Haldano. * Hugleicus (Hugleik) – sugerido Hugleico. * Iaroslaus (Jaroslav) – Jaroslau. * Inglingus (Yngling) – sugerido Inglingo(s) (outro nome familiar), presente em ao menos um dicionário lusófono e obras hispânicas. * Ingoldus (Ingjald) – sugerido Ingoldo. * Inguar (Ingvar) – sugerido Inguar, com a possibilidade de também citar Igor, forma como esse nome nórdico antigo foi traduzido para o russo e como chegou ao português depois. * Iorundus (Jörund/Jørund/Jorund/Eorund/Jörundr) – sugerido Jorundo. * Iziaslaus (Iziaslav) – sugerido Iziaslau * Mistislaus (Mistislav) – sugerido Mistislau * Niordus (Njord) – sugerido Niordo. * Olegus (Oleg) - Olego ou Olegue, forma que usei por aparecer residualmente em algumas obras lusófonas * Ostenus/Augustinus (Östen/Eysteinn) – sugerido Osteno/Agostinho; o primeiro é uma latinização das fontes nórdicas, enquanto o segundo foi dado pelas fontes latinas mediterrânicas ao rei sueco que participou nas cruzadas. * Ottarus (Ottar) – sugerido Otaro. * Ragualdus (Ragnvald) – sugerido Ragualdo. * Randverus (Randver) – sugerido Randúero ou Randuero. * Rostislaus (Rostislav) – Rostislau * Saxo Grammaticus – sugerido Saxão Gramático.É referido em latim em todas as fontes nórdicas e na literatura moderna. Há algumas fontes em português para Saxão Gramático. * Scyldingus (Scylding/Skjöldung) – sugerido Escildingo(s) (é um nome familiar, não necessariamente um sobrenome). * Scyldus/Scildus/Schioldus/Scioldus (Scyld/Skjöld) – sugerido Escildo, Esquioldo e Escildo. * Sigurdus (Sigurd) – sugerido Sigurdo. * Solvus/Salvus (Sölve/Salve/Sølve) – sugerido Solvo/Salvo. * Stenchillus (Stenkil) – sugerido Estenquilo. * Suercherus/Sverchervs/Swegthir (Sveigðir/Sveigder/Svegder/Swegde/Swerker) – sugerido Suérquero. * Svetopolcus/Suetopolcus (Svyatopolk) – sugerido Esvetopolco ou Suetopolco * Svetoslaus/Suetoslaus (Sviatoslav) – sugerido Esvetoslau ou Suetoslau * Valander (Vanlanda/Vanlande/Vanlandi) – sugerido Valandro. * Vsevolodus (Vsevolod) – Usevolodo   A lista é muito mais extensa, mas acho que com esses vários exemplos é possível ter um panorama daquilo com que estamos lidando. [...] Os que defendem os nomes nórdicos consideram o uso do latim equivocado por não ser uma língua de uso corrente – e por quererem ser puristas em relação ao nomes. Nós, latinistas, visamos o uso do latim, não só por também ter uso nas poucas fontes existentes (algumas das obras nórdicas só sobreviveram na sua versão latina), mas por ser a forma mais eficaz de chegarmos a nomes seguros no português e por melhor atender às demandas dos leitores de nossa enciclopédia, em sua maioria leigos e alunos pré-universitários. Agradeço imensamente a atenção.
O topónimo Pícua (Maia, Porto)
Gostaria de saber o significado da palavra Pícua. Moro na «casa da Pícua», existe perto do Porto uma Quinta da Pícua, que pertenceu à mesma família. Recordo-me de ver, num dicionário muito antigo, que "pícua" tinha dois significados, «besta (arma)» e «sorvedouro de dinheiro (algo onde se gasta dinheiro continuamente , sem fim)». Se possível, gostaria de saber qual o dicionário onde consta "pícua" e se existem outros significados para esta palavra. Muito obrigado.
Etimologia e pronúncia do apelido Albuquerque
Saudações cordiais de além-mar! Há algum tempo que estou a acompanhar vosso sítio de esclarecimentos sobre o português. Agradeço-vos imensamente pela riqueza linguística que é apresentada aqui. Sei que a maioria, senão quase todas as apalavras iniciadas por (AL) têm origem árabe, tanto é que meu sobrenome se grafa desta forma: «Albuquerque». Estudo português europeu, desde que adquiri o livro de professor António Emiliano: «Fonética do Português Europeu - Descrição e Transcrição». Esse fenómeno de abertura da vogal (A) átona nessas palavras ocorre por quê? (algodão, alqueire, alfazema). É tradição da língua pronunciá-las abertas devido a origem árabe? De qualquer modo, em «nacional, estadual, especial», etc. Ocorre o mesmo. Obs.: Coloquei as setinhas («») no lugar das aspas porque estava a aparecer um código estranho. Muito obrigado!
O uso do primeiro nome (ou só um dos apelidos)
de figuras públicas
Reparei que em algumas situações, de preferência nas manchetes e nos títulos das notícias, os media portugueses se referem ao Presidente da República português usando apenas o seu primeiro nome. Alguns exemplos: «Marcelo aposentado como professor universitário mas recebe apenas salário de Presidente» (Correio da Manhã); «Marcelo anuncia até Setembro de 2020 se concorre a segundo mandato» (Jornal de Negócios): «Marcelo quer ver a economia a crescer mais do que 2%» (RTP). Qual pode ser a origem desse costume? Muito obrigado pelos esclarecimentos.
A origem do topónimo Burguel (Algarve)
Queria aprofundar a origem e significado da palavra Burguel. Existe um topónimo em São Brás de Alportel, Pátio do Burguel, atribuído por deliberação camarária de 27 de Março de 2007, na Acta n.º 8/2007. Contudo, é topónimo muito antigo, visto que já vem referenciado em sessão camarária de 15 de Setembro de 1916, como Rua do Burguel (actualmente já não existe este topónimo). Muito obrigado. [O consulente segue a antiga ortografia.]
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