A grafia dos diminutivos de Álvaro, Rúben e Tomás
Tenho esta dúvida: os diminutivos dos nomes das pessoas também perdem o acento?
Por exemplo: Álvaro – "Alvarinho" ou "Àlvarinho"? Rúben – "Rubeninho" ou "Rùbeninho"? Tomás – "Tomazinho" ou "Tomàzinho"?
Muito obrigado.
O aportuguesamento, a partir do latim, de nomes escandinavos antigos
Cito abaixo os nomes latinos e seu respectivo nome nórdico, colocando em seguida o nome aportuguesado que sugiro [exemplo: Adelus (Adils/Eadgils) – Adelo]. Como são nomes não atestados fora da Wikipédia, preciso do crivo de um linguista para usá-los.
* Adelus (Adils/Eadgils) – sugerido Adelo.
* Agnus/Agnius (Agne) – sugerido Agno ou Ágnio.
* Alaricus e Ericus (Alrekr e Eiríkr) – sugerido Alarico e Érico.
* Amundus (Amund) – sugerido Amundo.
* Anundus (Anund) – sugerido Anundo.
* Aunus (Aun) – sugerido Auno.
* Biornus (Bjørn/Bjǫrn/Björn) – sugerido Biorno. Há uso no espanhol e no italiano e há residual uso em português.
* Dagerus/Dagus Sapiens (Dagr Spaka) – sugerido Dagero/Dago, o Sábio.
* Dagnerus (Dyggve) – sugerido Dignero.
* Domalder (Domalde/Dómalda/Domalde/Dómaldi) – sugerido Domaldro.
* Elfus e Inguinus (Alf e Yngve/Alfr e Yngva) – sugerido Elfo e Inguíno.
* Fliolmus/Fiolni (Fiǫlnir/Fjǫlnir/Fjölner) – sugerido Fliolmo.
* Gudrodus (Guðrøðr/Gudrød) – sugerido Gudrodo.
* Hacus (Hake) – sugerido Haco.
* Haldanus (Halfdan) – sugerido Haldano.
* Hugleicus (Hugleik) – sugerido Hugleico.
* Iaroslaus (Jaroslav) – Jaroslau.
* Inglingus (Yngling) – sugerido Inglingo(s) (outro nome familiar), presente em ao menos um dicionário lusófono e obras hispânicas.
* Ingoldus (Ingjald) – sugerido Ingoldo.
* Inguar (Ingvar) – sugerido Inguar, com a possibilidade de também citar Igor, forma como esse nome nórdico antigo foi traduzido para o russo e como chegou ao português depois.
* Iorundus (Jörund/Jørund/Jorund/Eorund/Jörundr) – sugerido Jorundo.
* Iziaslaus (Iziaslav) – sugerido Iziaslau
* Mistislaus (Mistislav) – sugerido Mistislau
* Niordus (Njord) – sugerido Niordo.
* Olegus (Oleg) - Olego ou Olegue, forma que usei por aparecer residualmente em algumas obras lusófonas
* Ostenus/Augustinus (Östen/Eysteinn) – sugerido Osteno/Agostinho; o primeiro é uma latinização das fontes nórdicas, enquanto o segundo foi dado pelas fontes latinas mediterrânicas ao rei sueco que participou nas cruzadas.
* Ottarus (Ottar) – sugerido Otaro.
* Ragualdus (Ragnvald) – sugerido Ragualdo.
* Randverus (Randver) – sugerido Randúero ou Randuero.
* Rostislaus (Rostislav) – Rostislau
* Saxo Grammaticus – sugerido Saxão Gramático.É referido em latim em todas as fontes nórdicas e na literatura moderna. Há algumas fontes em português para Saxão Gramático.
* Scyldingus (Scylding/Skjöldung) – sugerido Escildingo(s) (é um nome familiar, não necessariamente um sobrenome).
* Scyldus/Scildus/Schioldus/Scioldus (Scyld/Skjöld) – sugerido Escildo, Esquioldo e Escildo.
* Sigurdus (Sigurd) – sugerido Sigurdo.
* Solvus/Salvus (Sölve/Salve/Sølve) – sugerido Solvo/Salvo.
* Stenchillus (Stenkil) – sugerido Estenquilo.
* Suercherus/Sverchervs/Swegthir (Sveigðir/Sveigder/Svegder/Swegde/Swerker) – sugerido Suérquero.
* Svetopolcus/Suetopolcus (Svyatopolk) – sugerido Esvetopolco ou Suetopolco
* Svetoslaus/Suetoslaus (Sviatoslav) – sugerido Esvetoslau ou Suetoslau
* Valander (Vanlanda/Vanlande/Vanlandi) – sugerido Valandro.
* Vsevolodus (Vsevolod) – Usevolodo
A lista é muito mais extensa, mas acho que com esses vários exemplos é possível ter um panorama daquilo com que estamos lidando. [...] Os que defendem os nomes nórdicos consideram o uso do latim equivocado por não ser uma língua de uso corrente – e por quererem ser puristas em relação ao nomes. Nós, latinistas, visamos o uso do latim, não só por também ter uso nas poucas fontes existentes (algumas das obras nórdicas só sobreviveram na sua versão latina), mas por ser a forma mais eficaz de chegarmos a nomes seguros no português e por melhor atender às demandas dos leitores de nossa enciclopédia, em sua maioria leigos e alunos pré-universitários.
Agradeço imensamente a atenção.
O topónimo Pícua (Maia, Porto)
Gostaria de saber o significado da palavra Pícua. Moro na «casa da Pícua», existe perto do Porto uma Quinta da Pícua, que pertenceu à mesma família.
Recordo-me de ver, num dicionário muito antigo, que "pícua" tinha dois significados, «besta (arma)» e «sorvedouro de dinheiro (algo onde se gasta dinheiro continuamente , sem fim)».
Se possível, gostaria de saber qual o dicionário onde consta "pícua" e se existem outros significados para esta palavra.
Muito obrigado.
A etimologia do nome próprio Gonçalo
Gostaria de saber qual a etimologia do nome Gonçalo, já que há várias "teorias" a circular na Internet e não sei em qual acreditar.
Obrigado!
O topónimo Carnicães (Trancoso) e o seu gentílico
Como se designam os naturais de Carnicães (concelho de Trancoso, distrito da Guarda)?
Etimologia e pronúncia do apelido Albuquerque
Saudações cordiais de além-mar! Há algum tempo que estou a acompanhar vosso sítio de esclarecimentos sobre o português. Agradeço-vos imensamente pela riqueza linguística que é apresentada aqui.
Sei que a maioria, senão quase todas as apalavras iniciadas por (AL) têm origem árabe, tanto é que meu sobrenome se grafa desta forma:
«Albuquerque». Estudo português europeu, desde que adquiri o livro de professor António Emiliano: «Fonética do Português Europeu - Descrição e Transcrição». Esse fenómeno de abertura da vogal (A) átona nessas palavras ocorre por quê? (algodão, alqueire, alfazema). É tradição da língua pronunciá-las abertas devido a origem árabe? De qualquer modo, em «nacional, estadual, especial», etc. Ocorre o mesmo. Obs.: Coloquei as setinhas («») no lugar das aspas porque estava a aparecer um código estranho. Muito obrigado!
O uso do primeiro nome (ou só um dos apelidos)
de figuras públicas
de figuras públicas
Reparei que em algumas situações, de preferência nas manchetes e nos títulos das notícias, os media portugueses se referem ao Presidente da República português usando apenas o seu primeiro nome. Alguns exemplos: «Marcelo aposentado como professor universitário mas recebe apenas salário de Presidente» (Correio da Manhã); «Marcelo anuncia até Setembro de 2020 se concorre a segundo mandato» (Jornal de Negócios): «Marcelo quer ver a economia a crescer mais do que 2%» (RTP). Qual pode ser a origem desse costume?
Muito obrigado pelos esclarecimentos.
A origem do topónimo Burguel (Algarve)
Queria aprofundar a origem e significado da palavra Burguel.
Existe um topónimo em São Brás de Alportel, Pátio do Burguel, atribuído por deliberação camarária de 27 de Março de 2007, na Acta n.º 8/2007. Contudo, é topónimo muito antigo, visto que já vem referenciado em sessão camarária de 15 de Setembro de 1916, como Rua do Burguel (actualmente já não existe este topónimo).
Muito obrigado.
[O consulente segue a antiga ortografia.]
As vogais átonas do nome próprio Antioquia
Eu era um dos muitos que pronunciavam a palavra Antioquia como "Antióquia": aliás, eu até colocava o acento.
Recentemente percebi que a sílaba tónica era o qui e não o o, mas no entanto uma dúvida persistiu:
Lê-se "AntiuQUÍa" [ɐ̃tiu'kiɐ], ou "AntióQUÍa" [ɐ̃tiɔ'kiɐ]? A segunda sílaba tónica é ti?
Muito obrigado!
Ainda a ordem dos apelidos em Portugal
Na explicação sobre os apelidos portugueses [resposta n.º 33455], li a invocação de uma tradição portuguesa que não vi fundamentada em sitio algum que, argumenta o articulista, manda colocar primeiro o(s) apelido(s) maternos e depois os paterno(s), no final. De facto, lá pelos anos 30 do século passado, houve uma lei que, contrariando, precisamente algumas tradições lusas impunha essa regra. Mas foi lei de curta duração.
Quem se dedicar, mesmo como amador, à genealogia verifica que tradicionalmente a utilização de apelidos em Portugal foi sempre muito arbitrária. Há irmãos que possuem apelidos diferentes: uns ficam com o apelido da mãe, outros com o apelido do pai (não raro as filhas ficavam com o apelido da mãe e os filhos com o do pai, mas não era imperativo e as excepções são muitas, o que até faz supor que são regras nalgumas famílias). Não raro se veem apelidos que se "suspendem" por algumas gerações e que depois vêm a ser "recuperados", bem como se transmitirem por via feminina e depois se transmitem por via masculina.
Também é de referir, pelo menos nalgumas zonas da Beira Baixa, a concordância de género entre o apelido e a pessoa que o utiliza. Assim, por exemplo, Leitão-Leitoa, Silveiro-Silveira, Carrasco-Carrasca, Lourenço-Lourença, etc. Registo, para ilustrar, um caso de uma pessoa, do sexo masculino, natural de Caria, Belmonte, que é Silveira, nascido no final do séc. XVII, a filha casa-se numa localidade onde se faz essa concordância de género, sendo, pois, natural que a filha e a neta, sejam Silveira, mas o trisneto passa a ser Silveiro e aí nasce esse apelido Silveiro. Porém, esta concordância de género terá já caído em desuso no século XX.
Há tradições que não "traditam", perdem-se, vão progressivamente caindo em desuso, mas, algumas, ainda não morreram. E a lei vigente não a limita. Autoriza-a.
