Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Orações
Madalena Fonseca Professora Lisboa, Portugal 22K

Há tantos anos que me enriqueço com o vosso site… chegou a minha vez de colocar uma questão.

(1) «Utilizo o dicionário, quando não compreendo o significado das palavras.»

(2) «Faço anotações, enquanto leio.»

(3) «Verifico a ortografia, quando tenho dúvidas.»

(4) «A compreensão torna-se mais fácil, quando o leitor coloca previamente perguntas sobre o tema do texto […].»

Bem sei que, de acordo com Celso Cunha e Lindley Cintra, devemos utilizar a vírgula «para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antepostas à principal». No entanto, parece-me que as frases acima dispensam a vírgula (pior: parece-me um erro). Aliás, na Nova Gramática, um dos exemplos a que os autores recorrem para ilustrar as orações subordinadas adverbiais temporais é «Renovaram a fogueira até que chegasse a luz da manhã.»

Deve-se ou não se deve utilizar a vírgula nestes casos?

Agradeço antecipadamente a vossa resposta e dou-vos os parabéns pelo magnífico trabalho. O Ciberdúvidas é uma pérola.

Rui Silva Informático Lisboa, Portugal 6K

Em primeiro lugar gostaria de felicitar todo o trabalho associado a este site, de enorme utilidade.

Gostaria de saber o que é correcto (e porquê) neste caso e noutros verbos similares:

«João emigrou para Marrocos aos 19 anos, tendo-se convertido ao Islamismo aos 23.»

«João emigrou para Marrocos aos 19 anos, tendo se convertido ao Islamismo aos 23.»

Maria Duarte Professora Porto, Portugal 4K

Como classificar a frase introduzida por que no texto seguinte: «Mas é no canto, na epopeia que o Reino Lusitano mais se afirma pelo afecto»?

Luciene Luís Professora São Paulo, Brasil 4K

Na oração «O livro é de José», a preposição de subordina o substantivo José ao substantivo livro, ou ao verbo ser?

Lígia R. Nery Assistente administrativa Juiz de Fora, Brasil 7K

Gostaria de saber qual é a classificação do sujeito quando os verbos cheirar, coçar e doer são impessoais.

Por exemplo:

«Onde lhe doía?»
«Coça-me na palma da mão.»
«Cheirava a café na casa toda.»

(Se não for oração sem sujeito, onde está o sujeito das orações acima?)

Muito obrigada.

André Soares Estudante Braga, Portugal 7K

Num destes fóruns que hoje há pela Internet surgiu esta discussão após eu ter advertido para o erro que a seguir passo transcrever:

«Mas merece claramente ser ouvido. E com atenção. Ouvido outra vez para percebermos todos os pormenores. Eu confesso que ainda sinto que estes dois álbuns têm mais para eu descobrir.

Merece claramente o tempo que se perca (ou ganhe!!!) com ele e merece estas linhas todas que estou a escrever!! E volta a reforçar as minhas preferências: Manuel Cruz é um verdadeiro artista e um verdadeiro homem da música!»

A advertência era para isto: «Merece claramente o tempo que se perca (ou ganhe!!!) com ele e merece estas…»

Disse eu que o modo a usar no verbo perder deveria ser o indicativo, porquanto o claramente assim o exigia.

Como certezas não tenho, embora me pareça estar correcto no meu raciocino, peço-vos a vossa ajuda.

Grato pela vossa atenção.

Fernando Pestana Estudante Rio de Janeiro, Brasil 18K

Como identificar se uma oração é subordinada substantiva subjetiva ou predicativa? Muito por favor, sejam minuciosos, porque, pra mim, não há diferença alguma em dizer que «É fato que todos estudam» a oração seja subordinada substantiva subjetiva, ou seja, «Isto [que todos estudam (sujeito)] é fato» de «Fato (substantivo, logo núcleo do sujeito) é [que todos estudam] (predicativo)». Ajudem-me! Mui grato.

Eleone Araújo Enc. administrativa São Paulo, Brasil 3K

Minha nora me enviou uma mensagem desta maneira:

«Ahh não esquece que no sábado tem a festa da Carol.»

Como estávamos marcando algo para o final de semana, entendi como uma negativa, tipo para esquecer tudo, pois havia a festa da Carol, só que na verdade ela estava só colocando para que eu não esquecesse da festa no sábado, eu disse então que ficaria mais claro se colocasse desta forma («Ahh, não esquece que no sábado, tem a festa da Carol.») Eu acho até que esteja faltando mais alguma coisa na primeira frase para que fique bem compreendida.

O que você acha?

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 3K

Na resposta a Jorge Botelho, em 24/6/2008, a professora Sandra Duarte Tavares deu como exemplo duas frases que valem um comentário. Ei-las:

2) «É de livros novos que a biblioteca precisa.»

3) «Do que a biblioteca precisa é de livros novos.»

Agora, o comentário: Na frase 2, verifica-se o composto expletivo «é que», que evidentemente pode ser elidido sem prejuízo do entendimento: «A biblioteca precisa de livros novos». Na frase 3, parece não ser assim. O «que», nessa frase, é um pronome que se refere a outro pronome, no caso o pronome o. Assim sendo, parece haver um de a mais no período. Talvez pudéssemos escrevê-la desta forma, para enfatizar a regência: «O de que a biblioteca precisa são livros». Ou, mais sonoramente: «Do que a biblioteca precisa são livros.»

Salvo melhor juízo.

Luciano Eduardo de Oliveira Professor Botucatu, Brasil 5K

Sempre disse e ouvi duvidar na afirmativa com subjuntivo, mas vejo numa conceituada revista hebdomadária brasileira: «Duvido que o Brasil virá a ser um grande exportador de petróleo. Ninguém sabe qual é o custo de produzir sob a camada de sal.» Esta frase foi proferida por Albert Fishlow, economista americano, que certamente a pronunciou em inglês, e traduzida por alguém depois, o que descarta os lapsos que muitas vezes se cometem na linguagem falada. Por isso mesmo, pergunto-lhes: é lícito usar o indicativo aí? Talvez o tradutor tenha optado por esse modo por haver referência futura (vir a ser), já que o futuro do subjuntivo, existente em português, seria agramatical («duvido que o Brasil *vier a ser»). Usando o subjuntivo, teria de dizer-se algo como «Duvido que o Brasil passe a ser/seja algum dia/se torne ...».

Saudações brasileiras.