DÚVIDAS

Estrutagado e dúvida (concordância + ma + se apassivante)
Nas frases a seguir, a minha dúvida não reside na palavra estrutagado, pois já sei o que é. É uma expressão oral muito usada pelas gentes de Soito da Ruiva, aldeia de Arganil, distrito de Coimbra. Dizem que vão «curar o estrutagado», isto é, um pé ou uma mão torcida. Mas como referi, a minha dúvida não se refere ao uso da palavra e ao seu significado, mas à sua conjugação enquanto sujeito com o verbo, seguido de umas palavras no plural: «O estrutagado são as linhas torcidas, os tendões», ou «O estrutagado é as linhas torcidas, os tendões»? «A primeira coisa que fizeram foram uns pontões…», ou «A primeira coisa que fizeram foi uns pontões»? «O nosso calçado eram as tamanquitas», ou «O nosso calçado era as tamanquitas»? Aguardo um resposta vossa. Mesmo que não encontrem a solução para estas questões em específico, pelo menos tentem encontrar resposta para as outras dúvidas: 1. «Ele sabia que eu levava a carta na algibeira e não me deixava ler...», ou «... e não ma deixava ler»? 2. «Umas cozíamos, outras assávamos, outras deitávamos nuns caniços, secávamos e ficavam as castanhas piladas...», ou «Umas coziam-nas, outras assavam-nas…»? Neste segundo caso não há repetição do sujeito? Pois, umas e outras referem-se às castanhas, assim como o "-nas". Como devo escrever? 3. «Havia aí umas penedas que não se podiam passar...», ou «Havia aí umas penedas que não se podia passar»? 4. «Apenas jogava uma ou duas pessoas», ou «Apenas jogavam uma ou duas pessoas»? 5. «Gostava de lá estar, porque me tratavam bem», ou «Gostava de lá estar, porque tratavam-me bem»?
A negativa de «Posso comê-lo»
Qual a forma mais adequada/correcta da negativa de «Posso comê-lo»? É «Não posso comê-lo», ou será «Não o posso comer»? Eu "simpatizo" mais com a 1.ª opção, mas tenho uma colega que insiste que só a 2.ª está correcta. Concordo que, na forma negativa, o pronome deva ser anteposto ao verbo (Ex.: «Não o faço»; «não te lembres disso»; «não me molhes»; «não o encontro»). Porém, em caso de complexos verbais, como poder/querer e infinitivo («quero beber o sumo»; «posso ler o livro»), assim como ao substituir o complemento directo pelo pronome, ficando assim «Quero bebê-lo» e «Posso lê-lo», também me parece que na negativa deve ficar «Não posso lê-lo», em vez de «Não o posso ler», e «Não quero bebê-lo», em vez de «Não o quero beber». A anteposição do pronome é correcta e obrigatória em casos em que o núcleo do predicado é um só verbo, como nos primeiros exemplos que apresentei, todavia não considero que o pronome deva estar anteposto quando o núcleo do predicado é composto por mais que um verbo.
A conjunção porém no início de frase
Considero começar nova frase ou parágrafo por conjunção um defeito de estilo. A meu ver, a frase «Porém, nem tudo é...» não é legal. Aconselho sempre a inversão: «Nem tudo, porém, é...».Além de tudo, lembra certo samba de Paulinho da Viola: «Porém, ah, porém...» Minha dúvida: Não será rigorismo excessivo de minha parte? Como devemos escrever não só certo como com elegância...
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