Na frase:
«Ao longo desse período, os operários enfrentavam condições insalubres e insustentáveis, enquanto tinham que trabalhar de maneira quase ininterrupta.»
A vírgula utilizada antes de enquanto está correta?
Examine-se este excerto evangélico:
«Então o pai reconheceu ser precisamente aquela a hora em que Jesus lhe dissera 'o teu filho vive'; e creu, ele e todos os de sua casa.»
Qual a razão do uso da vírgula após a palavra creu?
Acrescento que, embora o sujeito não esteja em posição canônica, sendo ele imediatamente posposto ao verbo, não demandaria vírgula, a exemplo de «Partiu o motorista e os passageiros em meio a uma terrível tempestade», «Receberam o candidato e seu professor os aplausos mais calorosos».
Obrigado.
Em textos antigos, não é raro ver o ponto e vírgula sendo usado em orações coordenadas sindéticas explicativas. Exemplo disso é o seguinte trecho de um conto de Machado de Assis publicado originalmente em 1881, chamado "Teoria do medalhão":
«De oitiva, com o tempo, irás sabendo a que leis, casos e fenômenos responde toda essa terminologia; porque o método de interrogar os próprios mestres e oficiais da ciência, nos seus livros, estudos e memórias, além de tedioso e cansativo, traz o perigo de inocular ideias novas, e é radicalmente falso.»
Além disso, ainda hoje é muito comum ver o ponto e vírgula sendo uso antes de orações aditivas/copulativas. Quanto a isto, aqui mesmo no Ciberdúvidas há um ótimo exemplo, numa resposta dada em 1998 pelo falecido José Neves Henriques: «Na academia aprendi jogos; e lutas que incluem defesa pessoal.»
Em todas as gramáticas que consultei, no entanto, as únicas orações coordenadas sindéticas em que o uso do ponto e vírgula parece ser considerado aceitável são as conclusivas e as adversativas. Assim, gostaria de saber a opinião de vocês sobre esta questão.
Principalmente no caso das sindéticas explicativas, chegamos de fato ao ponto em que conectá-las com o ponto e vírgula pode ser considerado errado ou inadequado? Ou é simplesmente algo que caiu em desuso (como o próprio ponto e vírgula, aliás)?
Para terminar, agradeço a todos os colaboradores deste site, que me ajudaram não só a esclarecer diversas dúvidas, mas também a expandir meus horizontes no que se refere ao uso da nossa língua.
Lemos comumente que o adjunto adverbial modifica verbo, adjetivo e advérbio e que, na ordem direta, se posiciona no fim da frase. Assim sendo, é separado por vírgulas quando posicionado de outro modo.
Mas essa diretiva não se fragiliza quando o adjunto adverbial modifique, não o verbo, mas o adjetivo? Nesses casos, parece-me que a ordem direta e, portanto, também o uso de vírgulas na ordem indireta dependem de uma análise quanto ao posicionamento do adjunto adverbial em relação ao adjetivo.
Pergunto se, no caso abaixo, a ordem direta não seria esta, sendo assim justificável não usar vírgulas:
«A expressão incomum no contexto requer leitura atenta.» (planeja-se que «no contexto» modifique o adjetivo incomum)
Se o raciocínio acima estiver de acordo com a norma, não só seria correto não utilizar vírgulas na construção acima como o uso delas poderia vincular de maneira indesejável o adjunto adverbial a outro termo:
«No contexto, a expressão incomum requer leitura atenta.» (não me parece aqui que o adjunto adverbial modifique incomum, entendo que modifique o verbo).
Muito obrigado desde já.
Existe alguma gradação de ênfase no uso de parênteses ou travessões no interior de uma frase? Por exemplo:
«Cada cartaz aborda um tipo de flores – a seleção levou em conta a ocorrência e a beleza delas, como as rosas, as margaridas, os crisântemos, as orquídeas – ou outros aspectos como período da floração e formas de polinização.»
Se fossem usados parênteses, seria indiferente?
Agradeço desde já.
Gostaria de saber se eu posso ou não usar vírgulas antes da preposição "com".
Vou citar algumas frases de exemplo, que sempre me confundem.
«João me encarou, com os olhos abertos.»
«Leslie segurou a corda enquanto falava, com os olhos brilhando de entusiasmo.»
«Rose lançou um olhar furioso, com sua cabeça balançando.»
Na literatura inglesa, esses casos são mais difíceis de acontecer, pois eles costumam remover o com e deixar a frase intacta. Levantei uma dúvida sobre isso e me foi dito que o com deixaria as frases mais genuínas, pois, caso contrário, soaria a tradução.
Ou seja, o "com" é ou não necessário?
Gostaria de saber se a vírgula é sempre obrigatória nos casos em que se pretende subentender o verbo, ou se, quando o resultado é dúbio, se pode prescindir dela. Por exemplo:
«Odeio algumas pessoas, como tu, racistas.»
O que se quer dizer é que X odeia algumas pessoas da mesma forma que Y odeia racistas. Mas, com a vírgula a subentender o verbo «odiar» não poderá a frase passar a ideia de que X odeia algumas pessoas, como por exemplo a pessoa Y e racistas?
Poderia ser correcto, neste caso, grafar a frase assim: «Odeio algumas pessoas, como tu racistas»?
Obrigado.
O consulente escreve de de acordo com a norma ortográfica de 1945.
Encontrei em certos textos ingleses a pontuação de reticências e ponto final da frase juntos: "....".
Investiguei e não consegui encontrar nenhuma informação específica acerca deste uso. Poderiam dizer-me se existe alguma regra em português sobre o uso de "...." no final da frase?
Gosto muito do vosso website, pois é muito valioso para a pesquisa do português.
Muito obrigada.
Nos esclarecimentos de Maria Regina Rocha e de D'Silvas Filho, o ponto de abreviação dispensa o ponto final, se for o fim da frase?
Por exemplo: «...pelo que se aplica o art.º 19.º.»
Este último ponto final deve ser colocado no fim da frase ou é dispensável?
Muito grato.
Gostaria de saber se a vírgula é obrigatória, facultativa ou proibida quando o período é iniciado pela oração subordinada substantiva?
Grato pela resposta.
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