Esta opção não é canónica, mas é um uso possível num quadro de elipse da subordinante. Note-se, todavia, que, nestes casos, a interpretação da frase ficará sempre dependente do contexto para a reconstrução do valor da oração subordinante.
Assim esta opção é possível, por exemplo, num contexto de pergunta-resposta:
(1) «− Porque gostas deste início de romance?
− [Gosto deste início de romance] Porque permite entender a história.»
Num texto não dialogal, esta opção permitiria, por exemplo, destacar uma dada causa (entre outras ou isolada):
(2) «Gosto deste início de romance porque atrai o leitor. [Gosto deste início de romance] Porque permite entender a história.»
Note-se que é possível identificar esta opção de escrita em vários autores, como se observa pelos exemplos:
(3) «E aí está como a minha pobre Clara, solitária nas suas florestas, ficou sem essa folha, cheia das minhas letras, e tão inútil para a segurança do seu coração como as folhas que a cercam, já murchas decerto e dançando no vento. Porque não sei como se comportam os teus bosques; − mas aqui as folhas do meu pobre jardim amarelaram e rolam na erva húmida.» (Eça de Queirós, Correspondência de Fradique Mendes.)
(4) «Possivelmente, porém, o trabalho mais útil é o que nasce logo mecanizado e não tem, pois, nunca a surpresa do cansaço. Porque se não cria indefinidamente.» (Vergílio Ferreira, Aparição.)
Disponha sempre!