Ao longo da releitura de Capitães da Areia (edição de 1937), de Jorge Amado, deparei com esta construção: «– Tú não pode passar um dia sem bater coxas com esta bruaca, não é? Tú vae acabar tútú..» (CA, 1937, p.92). O que intrigou aqui foi a acepção para "tutu". Das quatro possibilidades de sentido para "tutu" (sem tantos agudos), nenhum se encaixa perfeitamente ao que espero do contexto. Qual o sentido para "tutu" no caso em tela?
Diz-se «preito de homenagem» ou «preito e homenagem [a alguém]»? Não será redundante qualquer destas formas, tendo em conta que «preito» já significa «homenagem»?
Os meus agradecimento pelo esclarecimento.
Gostava de saber/ confirmar se a expressão «estar com fezes», com o sentido de «estar com preocupações», é característica da zona Centro (região à volta de Leiria). Em caso afirmativo, pedia que me indicassem a fonte de informação.
Obrigada.
Como é que se devem escrever agora nomes próprios antigos, por exemplo, Anthero de Figueiredo ou Antero de Figueiredo? Como citar nomes de publicações antigas, "A Illustração Portugueza" ou "A Ilustração Portuguesa"?
Obrigado.
Podemos apropriar-nos do termo alimento para congregar todo o tipo de substâncias comestíveis sólidas e líquidas? Ou seja, até que ponto a correção da língua portuguesa nos permite utilizar a palavra alimento para designar, por exemplo, água? Aquando da clarificação de ambos os conceitos no dicionário online Priberam, apercebi-me de que alimento corresponde àquilo «que serve para conservar a vida aos animais e às plantas» e água ao «líquido natural [...] indispensável para a sobrevivência da maior parte dos seres vivos», pelo que, presumo eu, se poderá afirmar que «a água é um alimento», sem que se incorra em erros de semântica.
Grato desde já pela resposta.
Gostaria de saber se o seguinte verso da Ode Triunfal, do heterónimo Álvaro de Campos, contém uma hipálage: «À dolorosa luz das grandes lâmpadas», o adjetivo "dolorosa" é atribuído a quem? A luz ou a lâmpada são os elementos que, semanticamente, não aceitam esse sentimento. Poderá recair sobre o sujeito poético, mas não será um traço dele. Poderá então subentender-se que é a escrita que é dolorosa? «À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica/ Tenho febre e escrevo».
Obrigada.
Relendo a obra Menino de Engenho, de José Lins do Rego, deparei com a expressão «Entrar por uma perna de pinto e sair por uma perna de pato». Apesar de o contexto ser um guia importante para a compreensão leitora, tenho dificuldade de saber seu sentido idiomático. Poderiam os senhores me dar uma luz?
«As suas histórias para mim valiam tudo. Ela também sabia escolher o seu auditório. Não gostava de contar para o primo Silvino, porque ele se punha a tagarelar no meio das narrativas. Eu ficava calado, quieto, diante dela. Para este seu ouvinte a velha Totonha não conhecia cansaço. Repetia, contava mais uma, entrava por uma perna de pinto e saía por uma perna de pato, sempre com aquele seu sorriso de avó de gravura dos livros de história. E as suas lendas eram suas, ninguém sabia contar como ela. Havia uma nota pessoal nas modulações de sua voz e uma expressão de humanidade nos reis e nas rainhas dos seus contos. O seu "Pequeno Polegar" era diferente. A sua avó que engordava os meninos para comer era mais cruel que a das histórias que outros contavam.» («Menino de Engenho», 2016, Capítulo 20, p. 70)
Como se podem diferenciar no uso as seguintes expressões sob aviso e sobreaviso?
Tem-se ouvido e lido com alguma frequência o termo «faixa de rodagem» e «via de rodagem», quando se fazem referências à circulação automóvel numa autoestrada, por exemplo. Na minha perceção linguística, talvez até influenciado pela sonoridade, costumo dizer que «a autoestrada Lisboa-Porto é uma via de acesso, com quatro faixas de rodagem, sendo duas em cada sentido». Logo, uso o termo «faixa de rodagem».
Assim, e agradecendo desde já, solicito a vossa ajuda de forma a perceber se se deve dizer «faixa de rodagem» ou «via de rodagem».
Como se chama à pessoa que faz artigos? Jornalista, repórter, autor...?
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