Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Fenómenos fonéticos
Iva Dias Guia turístico França 14K

Qual a etimologia de noite?

Obrigada!

A. H. Verissimo Reformado Ponta Delgada, Portugal 5K

Frases a ter em conta:

(1) Faltavam alguns dias para a Ana casar.

(2) Só lhe falta ser benzida para que a ponham num altar.

Vi, num trabalho em linha, os constituintes «alguns dias» (frase (1)) e «ser benzida» (frase (2)) classificados como «complemento direto». Não serão antes o «sujeito» do verbo «faltar»?

No mesmo texto, classificava-se como subordinadas adverbiais finais as orações introduzidas por «para», nas frases acima transcritas. Afigura-se-me equívoca esta classificação, porque:

1. as orações iniciadas por «para» não me parecem ser modificadores da oração subordinante;

2. é o verbo «faltar» que rege a preposição «para» (à semelhança de esforçar-se para),.

As orações «para a Ana casar» (frase 1)) e «para que a ponham num altar» (frase 2)) não são antes subordinadas substantivas completivas, com a função de complemento oblíquo?

Parabéns pelo excelente serviço público, que é o vosso trabalho no Ciberdúvidas.

Obrigado. AHV

César Silva Engenheiro Portugal 9K

Li numa das vossas respostas que um ditongo crescente é, na realidade, um falso ditongo porque a suposta sílaba é sempre passível de ser dividida em duas sílabas. Parece-me óbvio em história ou em viola, mas não sei como poderei fazê-lo nos ditongos presentes em quota ou quadro.

Outra dúvida tem a ver com uma semivogal entre duas vogais. Por exemplo, gaiato define-se como tendo três sílabas, com um ditongo decrescente: gai-a-to. Contudo, foneticamente, não vejo razão para não dividirmos de forma diversa, com ditongo crescente: ga-ia-to. A que sílaba pertence a semivogal i? À primeira ou à segunda sílaba? Não existe aqui uma ambiguidade natural?

Obrigado.

José de Vasconcelos Saraiva Estudante de Medicina Foz do Iguaçu, Brasil 6K

O verbo destacar, a sua regência, quando se emprega pronominalmente, pede a preposição a ou em?

«A Ana destaca-se a Biologia.»

«A Ana destaca-se em Biologia.»

Ambas as construções estão corretas?

Nessa acepção, o verbo destacar é galicismo? A sua derivação regressiva é destaque?

Destaque é igualmente considerado como galicismo?

Desde já muito grato ao vosso excelente trabalho.

Amanda Soares Estudante Recife, Pernambuco, Brasil 2K

Consultei vários glossários e dicionários e nenhum, dos que possuo, pôde me auxiliar no entendimento dessa contração marcada pelo apóstrofo («que a'm poder tem») nos versos que se seguem.

Trata-se de uma sinalefa? Se sim, como desenvolvê-la e como construí-la na ordem direta?

«(...) Deus nom mi a mostre, que a 'm poder tem,
se eu querria no mundo viver
por lhe nom querer bem nem a veer.'»

(Rui Pais de Ribela, ''A mia senhor, que mui de coraçom")

Desde já, agradeço a atenção dispensada.

Diogo Maria Pessoa Jorge Morais Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 5K

Tenho encontrado alguma validação da forma "Marráquexe". No entanto, esta formulação parece-me tão bizantina que só posso perguntar se faz mesmo sentido. Não será antes "Marraquexe", como se costuma ler?

Obrigado.

Shirley Martins Química Lisboa, Portugal 6K

É muito comum no Brasil usarmos o termo «meia dúzia» com o sentido de «seis», principalmente em comunicações telefônicas e aéreas, para que em caso de algum ruído na comunicação, não se ouça três, no lugar de seis. Logo, «meia dúzia» facilita a compreensão de que falamos de 6, e não três.

Pois bem, uma pessoa grosseira me corrigiu, quando eu fornecia meu telemóvel, e citei um dos dígitos como «meia dúzia», com o intuito de facilitar a compreensão. A pessoa respondeu que «meia era para pés». A pessoa compreendeu exatamente o que eu quis dizer, pois após longos anos de troca entre Brasil e Portugal, muitos conhecem muito bem nossas expressões.

Eu não corrijo um americano, quando ele me diz que um artigo custa, por exemplo, 10K. Isso faz parte do dinamismo da comunicação, cada língua tem expressões ou gírias, que podem ser entendidas por outros, sem que isto cause constrangimento.

A pergunta é se  posso usar «meia dúzia», no lugar de seis, sem estar incorrendo num erro gravíssimo, que me leve à "guilhotina" (ironia) ?

Felipe Ferreira Analista de Hardware São Paulo, Brasil 62K

A minha dúvida gira em torno da expressão «benza-o Deus». Alguns dizem "benzadeus" coloquialmente, outros dizem, tal como encontrei em alguns sites de dúvidas, "benza ó Deus".

A minha pergunta é a seguinte: o que realmente significa esta expressão e qual dessas versões [apresentadas] é a  correta?

Uma outra dúvida é porque nenhuma leva [a] vírgula do vocativo. Por exemplo, "benza, ó Deus" e "benza-o, Deus". O "ó" junto ao vocativo também é correto se fosse preciso?

Rui Medeiros Estudante Lisboa, Portugal 5K

Gostaria de saber como o nome Abecassis/Abecasis deverá ser lido, isto é, se a tónica reside no segundo a ou no i.

Eu tendo a ler este nome de família como uma palavra grave, já que não há nada em termos de acentuação que indique o contrário. Ainda assim, toda a gente que conheço vem corrigir-me e diz que a tónica é no i.

Qual a forma certa?

João Nogueira da Costa Almada, Portugal 9K

Segundo todos os dicionários, a palavra alcateia tem origem árabe, com o significado de «rebanho, bando»1.

Será possível saber-se quando, como e por que razão é que este significado, por extensão semântica, evoluiu para «bando ou grupo de lobos»?

Muito obrigado. 

1 No Dicionário Houaiss, lê-se: «ár. al-qaṭīḤ ‘manada, rebanho’, der. do v. qaṭaḤ ‘dividir, separar parte do todo’.» O Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, de Adalberto Alves, regista: de الـقـطـيـع (al-qaṭîʿ), «o bando», «o rebanho». O Dicionário Infopédia em linha diz-nos: «Do árabe al-qatai'â, «"ebanho".»