Só me foi possível encontrar fontes que tendem a confirmar a segunda descrição ou a convergir com ela: no latim nostrum, teria ocorrido relativamente cedo – talvez já no latim vulgar – a queda (síncope) de r, seguida da assimilação de t por s, num processo que conduziu a nosso e às formas da sua flexão.
Assim, o que o filólogo galego Manuel Ferreiro (Gramática Histórica Galega, Edicións Laiovento, 1995, p. 158) diz sobre o galego medieval é válido para o português medieval (como se sabe, os dois idiomas confundem-se num só à medida que recuamos na história):
«Na secuencia latina -STR- parece ter habido certa tendencia á evolución -ss- ([s]) nalgún vocábulo isolado: NŎSTRU > nosso [...]. Mais seguramente xa estamos perante as formas latino-vulgares *NŎSSU [...], como [parece] indicar tamén a forma nuesso [...] do español antigo.»
Uma hipótese um tanto diferente está exposta, por exemplo, em Edwiin B. Williams, Do Latim ao Português (Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 2001, p. 160):
«[A] primeira pessoa do plural: nostro era usado em português arcaico somente na expressão nostro Senhor referente a Deus [...]. A forma *nossum deve ter existido em latim vulgar de certas regiões [...]. Desenvolveu na relação nos:*nossum, por analogia com a relação me:meum, tornando-se o s longo para preservar o som surdo que tinha em nōs. Que isso ocorreu em latim vulgar é indicado pela existência do espanhol arcaico nuesso. [...]Têm sido feitos esforços para explicar o ss de nosso como um desenvolvimento fonológico regular [...].»
De qualquer modo, parece aceitar-se geralmente que o r de nostrum caiu antes de se terem registado alterações na sequência -st- desta forma latina.