Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Gramática
Renan Repizo Coelho Autônomo Rio de Janeiro, Brasil 12K

Os chamados advérbios interrogativos modificam toda a oração?

Os advérbios de intensidade podem se ligar a verbos? Exemplo: «Ontem trabalhei muito»?

E o advérbio pode modificar um substantivo? Na pesquisa que fiz há controvérsias quanto a isso.

Grato.

Humberto Aparecido Santos Servidor público Rio de Janeiro, Brasil 16K

Nas frações que têm os denominadores múltiplos de 10, de 20 a 90, a leitura pode ser feita também como nos numerais ordinais. O mesmo pode ser feito para múltiplos de 100, de 200 a 900. E os denominadores múltiplos de 1.000, 10.000, 100.000, 1.000.000, etc.?

Pedro Martins Tradutor Lisboa, Portugal 3K

Ouvi falar de uma história em que um autor português, em dúvida sobre um aspeto gramatical, consultou um gramático para o elucidar. O mesmo gramático respondeu-lhe, dando como referência as obras desse mesmo autor.

Gostaria de saber mais pormenores sobre esta história (nomes, datas ou a questão tratado), caso a reconheçam.

Muito obrigado.

José de Vasconcelos Saraiva Estudante de Medicina Foz do Iguaçu, Brasil 5K

Carlos Góis [1881-1934], no seu livro Sintaxe de Regência, estabelece distinção entre os verbos impessoais e os unipessoais. Transcrevo para aqui o que ele refere:

«1- Não se confundam Verbos Impessoais com Verbos Unipessoais. A lamentável confusão (em que não poucas gramáticas têm incorrido) provém de que:

– tanto uns como outros só se conjugam em uma pessoa – A TERCEIRA (DO SINGULAR, OU DO PLURAL), donde ser lícito concluir: 

– os verbos impessoais são sempre unipessoais.

Os unipessoais, porém, não são impessoais, porque o seu sujeito não é "indeterminado" (como sucede aos impessoais): é sempre determinado e expresso na frase, constituído:

a) ora por um infinitivo, ex.: "Convém estudar" – "Releva dizer" – "Sucedeu-lhe sair" – "Aconteceu-me falar";

b) ora por uma oração (cláusula substantiva subjetiva): "Convém que estudes" – "Urge que saias".»

Por último, transcrevo ainda o que ele menciona no item 4:

«4- Há uma tendência moderna (em que é manifesta a nefasta influência da sintaxe francesa) dos gramáticos em equiparar os verbos unipessoais aos impessoais, partindo do princípio de que:

Quer o infinito, quer a oração (únicos sujeitos que pode ter o verbo unipessoal) "não constituem propriamente pessoas gramaticais).

Ora, sendo Pessoas Gramaticais – as diversas maneiras de ser do sujeito, segundo a definição clássica – é certo que os casos de sujeito infinitivo e de sujeito oracional se enquadram na definição. Enumerando as diversas "relações", que podem funcionar como sujeito – são acordes as gramáticas (entre as quais sobre-eleva a de Mason) em arrolar o infinitivo e a oração. Ora, se equipararmos os verbos unipessoais aos impessoais, iremos cair no absurdo de considerar o infinito e a oração como seu objeto direto, o que poderá estar perfeitamente conforme ao génio da língua francesa, mas não no está em relação ao génio da portuguesa. É inacreditável que gramáticos do porte de Epifânio Dias [18841-1916] e João Ribeiro [1860-1934] pretendam inaugurar semelhante teoria, partindo de uma acepção muito restrita, em que estimam o acidente de pessoa, parecendo que só admitem como pessoa gramatical o "pronome" e o "substantivo" - esquecidos de que o infinito é um substantivo verbal, e de que orações há substantivadas, equivalentes do substantivo (segundo o testifica Mason), e de que o pronome, quando indefinido, é ainda mais vago e impreciso em sua enunciação pessoal que o infinito e a oração. Ouça-se o que aduzem a respeito: Epifânio Dias, em sua Sintaxe Histórica: "Em sentido lato também são impessoais as orações cujo predicado se refere a uma oração que faz as as vezes de sujeito (v.g. importa que isto se faça depressa), por isso que uma oração não é propriamente uma pessoa gramatical."»

Pois bem, tendo procurado em várias gramáticas portuguesas, não encontrei nenhuma distinção feita pelos autores entre os verbos impessoais e os unipessoais e por isso mesmo gostaria de saber se a diferença que Carlos Góis estabelece se encontra noutros autores de gramáticas portuguesas ou se se trata de uma teoria sua. Em havendo, gostava ainda de que me informassem o autor ou os autores que perspectiva(m) esses verbos da mesma maneira que o sr. Góis.

Trabalho maravilhoso o vosso.

Desde já muito obrigado!

 

P. S. : Ainda sobre a minha pergunta, desejava saber se a ação dos verbos unipessoais se atribui só a vozes de animais, se se trata unicamente de vozes de animais, por exemplo, rugir (leão), bacorejar (leitão), tinir (milheira) [...] Ou se o que sr. Carlos Góis aduz é um corolário seu, uma formulação da sua lavra, quando diz que os verbos impessoais são sempre unipessoais e que os unipessoais, no entanto, não são impessoais, porque o seu sujeito não é indeterminado, como sucede aos impessoais, sendo, portanto, sempre determinado e expresso na oração, constituído, ora por um infinitivo («Convém estudar»), ora por uma oração («Aconteceu-me faltar»), ou, se essa visão existe também em Portugal, na tradição gramatical portuguesa. [...]

 

José Querido Aposentado Coimbra, Portugal 6K

Numa questão sobre seu/ dele ["Determinantes e pronomes possessivos seu/dele"], parece que entendem o dele também como pronome possessivo. Estou errado? É que, na verdade, já li tal "barbaridade" em, pelo menos, uma gramática da língua portuguesa usada programada para o 3.º ciclo e o ensino secundário. Em livros para o ensino do português (LE) na Galiza, esse erro é comum.

Em relação aos pronomes pessoais, a referida gramática coloca na 2.ª pessoa do singular tu/ você, e no plural vós/vocês. Os livros para o ensino do português (LE) vão mais longe: eu, tu, ele, ela, você, o senhor, a senhora, nós (não mencionam vós), eles, elas, os senhores, as senhoras.

Na verdade, anda por aí uma rapaziada – no caso da gramática, uma raparigada – a dar cabo da norma da língua.

Gostava de saber a vossa opinião no caso do dele/ dela, e plurais, como pronome possessivo.

Ana Paiva Professora Viseu, Portugal 3K

Na frase «leu o livro até à última linha», a palavra até pode ser considerada um advérbio de inclusão?

Lanito Molita Estudante Lisboa, Portugal 75K

Tenho uma dúvida suscitada por um amigo meu brasileiro.

Esse meu amigo referiu há uns dias que, no Brasil, a frase «estou fascinado pelo arco-íris» é considerada pouco apropriada para um texto erudito. Isto por muitos escritores brasileiros considerarem que a contração pelo, que é resultado da aglutinação da antiga preposição per com o artigo ou pronome lo ou resultado da aglutinação de por e o, é informal e deve ser substituída por «por o», ficando: «Estou fascinado por o arco-íris.»

Eu, que sou português, pergunto agora se aqui em Portugal se segue similar ideia. O que será mais conveniente para um texto erudito do português europeu?

«Estou fascinado pelo arco-íris», ou «Estou fascinado por o arco-íris»?

Desde já agradeço a atenção dispensada.

Patrícia Costa Assistente administrativa Lisboa, Portugal 19K

Relativamente ao verbo restringir, consultei a vossa resposta em 16/04/2004, mas não fiquei esclarecida.

Restrito é exclusivamente um adjetivo? Ou seja, dizer algo como «o acesso foi temporariamente restrito» está errado?

Muito obrigado e cumprimentos.

Maria Manuela Salvador Cunha Professora aposentada Porto, Portugal 19K

Na frase «O livro é deles», qual é a classe morfológica de deles?

Pronome possessivo, ou pronome pessoal contraído?

Laura Piedade Estudante Lisboa, Portugal 18K

Na frase «A minha casa é bonita, mas a tua é mais»,  a (minha/tua) é um determinante artigo definido, mesmo não estando antes de um nome?

Costumo explicar à minha filha que o determinante vem antes do nome, mas nestes casos vem antes de um determinante possessivo/pronome possessivo. Ela colocou-me esta questão. Presumo que, como se pode omitir o determinante, se mantenha a regra…

Obrigada.