Nas situações dos exemplos apresentados – «a Miguela acompanha com um rapaz estranho» e «a feijoada é um prato português e acompanha com laranja e arroz branco» – o verbo acompanhar segue-se da preposição com. Este uso está associado ao registo informal, o que leva a que não o consideremos errado. Com efeito, o Guia Prático de Verbos com Preposições, de Maria Helena Ventura e Manuela Caseiro regista o seguinte: «acompanhar com – relacionar-se com, conviver com, associar-se a (ex.: A filha do Jaime só gosta de se acompanhar (com) rapazes mais velhos que ela), ser servido juntamente com (ex.: Esse prato de peixe acompanha com batata e legumes)». Aqui percebemos que este uso está atestado, apesar de, no primeiro exemplo – «a filha do Jaime só gosta de se acompanhar (com) rapazes mais velhos que ela» –, o uso do com ser facultativo, daí estar entre parêntesis.
No entanto, a ausência da descrição deste uso noutras fontes aconselha a que num registo mais formal se opte por uma frase alternativa, como seja «A Miguela é acompanhada por/de um rapaz estranho». Ainda em relação ao exemplo «a Miguela acompanha-se com um rapaz estranho», oração construída com a partícula se, as fontes consultadas também não registam este tipo de construção. Talvez se trate de uma simplificação do emprego causativo do verbo fazer – «a Miguela faz-se acompanhar de um rapaz estranho» –, mas levanta-se o problema de esta construção incluir a preposição de, e não a preposição com.
Por fim, «a feijoada é um prato português e acompanha-se com laranja e arroz branco» é uma frase perfeitamente aceitável, sendo que o se pode referir-se a sujeito indeterminado (equivalente a alguém), ou constituir uma partícula apassivante numa construção interpretável como voz passiva. Outra forma de apresentar esta sequência consiste em alterar a ordem dos constituintes: «acompanha-se a feijoada, prato português, com laranja e arroz branco».