Os advérbios interrogativos que surgem em frases como (1) ou (2) desempenham a função sintática de modificadores (do verbo):
(1) «Aonde vamos?»
(2) «Quando voltas?»
Estes advérbios ocupam o mesmo espaço sintático dos constituintes ali ou amanhã nas frases (3) e (4), o que significa que não incidem sobre toda a frase, mas apenas sobre o grupo verbal:
(3) «Vamos ali.»
(4) «Volto amanhã.»
Os advérbios de intensidade (ou de quantidade ou grau, segundo a terminologia do Dicionário Terminológico, que apresenta os termos a utilizar no ensino não universitário português) podem incidir sobre verbos, adjetivos ou advérbios, quantificando «sobre propriedades representadas por adjetivos ou advérbios, ou sobre eventos representados por verbos» (Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1658). Habitualmente, os gramáticos descrevem ainda o advérbio como uma classe que pode incidir sobre toda a frase/oração/constituinte. A classe que incide sobre o nome exprimindo um valor de quantificação é a do quantificador. Os quantificadores muitos, poucos, vários aparecerem entre os que se podem associar ao nome1, como acontece no exemplo:
(5) «Muitos/poucos/vários colegas do João vêm a nossa casa.»
Não obstante, alguns autores referem que o advérbio pode também incidir sobre substantivos. É o caso, por exemplo, de Evanildo Bechara, que afirma:
«Certos advérbios são assinalados em função de modificador de substantivo, principalmente quando este é entendido não tanto enquanto substância, mas enquanto qualidade que esta substância apresenta: Gonçalves Dias é verdadeiramente poeta [PL apud por EBm.1, 8].
Pessoas assim não merecem nossa atenção.» (Moderna Gramática Portuguesa. Editora Nova Fronteira e Editora Lucerna, p. 242 – 243)
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1. Esta perspetiva está presente, por exemplo, em Mira Mateus, Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, pp. 356 – 359) ou em Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 726 – 728)