DÚVIDAS

Preposições e orações de infinitivo II
Quanto à questão formulada por Natanael Estêvão, em 4/3/2022, foi dito, ao final da resposta, que «esta construção será preferencial à que se apresenta na pergunta, pois não causa a estranheza da primeira». A par da estranheza, pergunto: seria a construção também agramatical, configurando uma exceção? Creio ser essa a dúvida de Natanael. A propósito, nos exemplos dados pelo citado consulente, pode-se também lançar mão do recurso de usar a expressão «o fato de»: «apesar de o homem ter morrido...» (apesar do fato de o homem ter morrido); «o maior problema está em isso fugir do nosso controle (o maior problema está no fato de isso fugir do nosso controle). Portanto, pode-se imaginar uma elipse em todos os casos, contornando as contrações. Obrigado.
Combinação e colocação de pronomes pessoais átonos
Desejo saber se é gramaticalmente aceito em Portugal «enquanto me dirigia-lhe». Sei que é válida a soma de pronomes oblíquos como em «deparou-se-me» ou «agradecer-to-ei», coisa que não é válida no Brasil. No entanto, a presença de enquanto antes do pronome oblíquo me exige a próclise. Assim, qual das possibilidades é verdadeira? 1. Enquanto lhe dirigia-me. 2. Enquanto lhe me dirigia. 3. Enquanto me lhe dirigia. 4. Enquanto me dirigia-lhe. 5. Enquanto me dirigia a ela. Felicíssimo pela atenção da equipe do Ciberdúvidas. Sempre me ajudam prontamente quando necessito.
Adjetivo vs. nome: «O meu amigo é inglês/ professor»
Nas frases «O meu amigo é inglês» e «O meu amigo é professor», temos inglês como adjetivo e professor como nome, se não me engano.Tenho dificuldade em compreender porquê. Julgo não poder usar inglês numa comparação como «O João é mais inglês do que o Paulo», tal como não posso dizer «O João é mais professor do que o Paulo», pois ou se tem a nacionalidade inglesa ou não. Não posso dizer «muito inglês» neste sentido, como poderia afirmar de um adjetivo, tal como «muito bonito». Como reconhecer quando inglês funciona como nome ou como adjetivo? Muito obrigado pelo esclarecimento.
Percentagem e o adjetivo numa frase negativa
Gostava que, se possível, me explicassem duas dúvidas. Na frase: «61% dos portugueses não leram um só livro no último ano.» – O verbo ler deve estar no plural, como está, ou deveria estar no singular (leu) uma vez que o sujeito é 61%? – O uso do só nesta frase está correto (no sentido de «único») ou no fundo faz com que o sentido da frase seja exatamente o oposto do que o jornalista quer dizer que seria: «61% dos portugueses leram somente um livro.» Espero não ter sido confusa. No fundo queria saber se a forma verbal e o uso de só estão corretos nesta frase. Muito obrigada e obrigada por nos ajudarem a entender melhor a nossa língua.
A classe de palavras de conforme II
Na frase «Realizei o procedimento conforme as instruções», o constituinte conforme é preposição ou advérbio? Caso seja preposição (por unir palavras que exercem funções sintáticas distintas: «procedimento» – núcleo do objeto direto; «instruções» – núcleo do adjunto adverbial), por que não poderia ser advérbio, visto que é palavra invariável que modifica o valor da forma verbal «realizei»? Gostaria de saber também se realmente preposições são definidas como constituintes invariáveis que ligam palavras com funções sintáticas diversas, de acordo com o que supus no texto acima, e se está correta minha análise sintática em relação às palavras procedimento e instruções. Grato mais uma vez.
Nesse/desse vs. naquele/daquele
Gostaria que me explicassem o uso dos demonstrativos nesse, neste e naquele em relação ao tempo. Seriam nesse e naquele referência ao passado e neste ao presente? Nesse dia, eu estava doente. Ela partiu a perna, naquele fim de semana. Neste momento, eu não posso. Ainda que a minha interpretação esteja correta, existe alguma diferença entre o nesse e naquele? Seria naquele para se referir a um passado mais longínquo? Essas mesmas interpretações de tempo servem para o desse, deste e daquele? Não consigo pensar em nenhuma frase que pudesse ter essa interpretação. Caso esteja errada, poderiam dar-me alguns exemplos, por favor? Agradeço a atenção dispensada.
A sintaxe do verbo evadir
Preciso entender a sintaxe do verbo evadir, pois os dicionários que consultei me deixaram com mais dúvidas do que já tinha. O Dicionário Online de Português mostra que esse verbo é transitivo direto e pronominal quando a definição for «afastar-se de uma resposta direta». Porém, logo em seguida, cita uma frase com preposição: «evadir-se a uma crítica». Se o verbo é transitivo direto, a frase correta não seria «evadir-se uma crítica»? Porém, admito que ficaria estranho. Portanto, o mais correto não seria dizer que o verbo é transitivo indireto, citando a referida frase como exemplo (evadir-se a uma crítica)? A minha dúvida vem da frase que pretendo escrever em que um filho faz uma pergunta a que a mãe não sabe como responder. A frase é: «Pega de surpresa, ela sorri desconcertadamente e tenta se evadir da resposta.» Fico grato se puderem me elucidar esse enigma!
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa