O verso em causa não permite uma interpretação inequívoca, pelo que aqui poderemos apenas avançar hipóteses de interpretação que levantarão possibilidades de classificação da palavra que, neste contexto do verso final do soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», de Luís de Camões.
Assim, poderemos, por um lado, considerar que estamos perante uma oração coordenada explicativa, o que levaria a classificar que como uma conjunção coordenativa explicativa:
(1) «outra mudança faz de mor espanto, / que (=pois) não se muda já como soía»
Por outro lado, poderemos considerar que estamos perante um caso de hipérbato, que levou à deslocação da oração relativa «que não se muda já como soía». Nesse caso, a ordem natural seria:
(2) «outra mudança que não se muda já como soía faz de mor espanto»
Neste caso, que seria um pronome relativo, que retoma o antecedente mudança.
Outras hipóteses de interpretação do último verso deste soneto poderiam ainda ser levantadas, pelo que as possibilidades de análise ficam em aberto relativamente a esta questão.
Disponha sempre!