Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Estudos Literários
Afonso Simões Estudante Lisboa, Portugal 1K

Nos versos «De quem são as velas onde me roço?/ De quem as quilhas que vejo e ouço?» está presente uma metonímia ou uma sinédoque?

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 1K

Na frase «matou a charada com tirocínio certeiro» ocorre um caso de alegoria ou se trata de um simples jogo de palavras?

Muito obrigado.

José Gilberto Tristão de Almeida Filho Médico Franca, Brasil 1K

Habitualmente, considera-se rima rica aquela na qual as palavras rimadas pertencem a categorias gramaticais diferentes.

Ocorreu-me uma dúvida no que diz respeito às locuções. Por exemplo: um substantivo e uma locução adverbial terminada por substantivo seriam, para efeito de classificar uma rima, consideradas categorias gramaticais diferentes?

Em outras palavras, a rima de um substantivo com uma locução adverbial terminada por um substantivo é considerada rima pobre ou rima rica?

Por exemplo: a rima de colheita (substantivo) com «à direita» (locução adverbial) é considerada rima pobre ou rima rica?

Luiz de Lima Office Boy Brasil 4K

Enquanto recitava Os Lusíadas, dei-me conta de que em alguns versos a sexta e décima silabas poéticas nem sempre são mais fortes, há versos em que a quarta, a sétima ou oitava, e a décima é que são mais fortes.

Mas há versos d'Os Lusíadas em que parecem ter métrica irregular.

Eu aprendi sobre metro sozinho lendo gramáticas (minha escola passou longe de poesia e fonética), e quando leio poesia, faço a coisa mais de ouvido e lembrando alguns conselhos gerais das gramáticas. Ex: «De Áfrico e de Noto a força, mais se atreve» Canto I, verso 212 o No também é pronunciado com certa intensidade, mas ficaria estranho: 5.ª, 6.ª e 10.ª.

Há alguma recomendação para o estudo correto de métrica e recitação (principalmente d'Os Lusíadas)?

Lucas Tadeus Oliveira Estudante Mauá, Brasil 1K

Estava lendo uma análise do soneto «Transforma-se o amador na coisa amada» e vi um cacófato no final do terceiro terceto.

«Assim co'a alma minha se conforma.»

Pensei no diminutivo de mama («peito de mulher, seios»), mas um amigo meu pensa no corte de carne.

Seja como for, gostaria de saber de duas coisas:

1) Possivelmente, era já um cacófato no tempo de Camões? Existia o corte de carne ou o uso de mama/maminha para designar seios de mulher?

2) Agora, em Portugal ele ocorre também?

Pedro Ludgero Professor Vila Nova de Gaia, Portugal 4K

No decassílabo «E cava, em belas frontes, paralelas» (tradução pessoal de um verso de Shakespeare)*, as vírgulas são ou não desejáveis?

Pergunto isto, porque não sei se o uso da vírgula impede a sílaba métrica |va em|, e também porque não tenho a certeza se, de um ponto de vista gramatical, elas são realmente necessárias. A minha intenção é apenas impedir que a palavra paralelas possa ser considerada um adjetivo referente a frontes.

Obrigado.

 

N. E. – Trata-se de um dos versos do soneto 60 de William Shakespeare (1564-1616): «And delves the parallels in beauty's brow».

Beatriz Gomes Estudante Braga, Portugal 6K

Que recursos expressivos são possíveis encontrar em "Tormenta", de Fernando Pessoa?

«Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.

Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar escuro estruge.»
 

Obrigada!

Beatriz Palma estudante Setúbal, Portugal 7K

Qual/quais os recursos expressivos presentes nos seguintes versos do poema de Eugénio de Andrade:

«e gravemente, comedidas,/ param as fontes a beber-te a face.»

Noémia Santos Professora Coimbra, Portugal 8K

Agradecia um esclarecimento sobre a função sintática do pronome pessoal me no verso «Minha loucura outros que me a tomem» (poema "D. Sebastião", de Mensagem).

Há quem considere complemento indireto, mas tenho dúvidas.

Muito agradecida pela atenção.

Rui Verdasca Estudante Leiria, Portugal 3K

Pode considerar-se que se encontra uma hipálage no seguinte verso de Álvaro de Campos: «Trago o meu tédio e a minha falência fisicamente no pesar-me mais a mala...»?

Grato.