No segmento apresentado, podemos considerar que se conjugam a gradação com a anáfora para produzir um efeito estilístico.
Por um lado, a gradação consiste em «distribuição progressiva de uma série de elementos, em ordem ascendente se se caminhar para um clímax, ou em ordem descendente, se se regredir até um momento de anticlímax.»1 Ora, no segmento de Vieira, percebemos que o autor apresenta um conjunto de termos que se organizam em patamares de atitudes negativas, até se chegar a uma posição extrema de deslealdade, considerada o pior e mais perigoso vício de personalidade.
Por outro lado, de acordo com Massaud Moisés, a anáfora é uma «[f]igura de linguagem, também chamada epanáfora, que consiste na repetição de uma ou mais palavras no princípio de sucessivos segmentos métricos (versos) ou sintáticos»2. No segmento em análise, a anáfora está presente na repetição do advérbio tão, que se associa a cada um dos traços de personalidade elencados.
No seu todo, a gradação e a anáfora conjugam-se para intensificar a caracterização negativa do polvo, funcionando no plano argumentativo para a rejeição deste tipo de personalidade.
Disponha sempre!
1. Ceia, E-dicionário de termos literários.
2. Massaud Moisés, Dicionário de Termos Literários. Cultrix, p. 23.