De acordo com as noções de versificação apresentadas por Cunha e Cintra, estamos perante um caso de sinalefa quando uma vogal «perde[r] a sua autonomia sintática e torna-se uma semivogal, que passa a formar ditongo com a vogal seguinte»1. Já a crase corresponde à «fusão de duas vogais idênticas numa só»2. Para além destes dois fenómenos de contração, consideramos ainda a elisão, por meio da qual «a primeira vogal pode desaparecer na pronúncia diante de uma vogal de natureza diversa»3.
No caso apresentado, uma das possibilidades é a de existência de sinalefa na segunda sílaba métrica, uma vez que esta sílaba pode ser pronunciada como um ditongo (“owa”):
(1) «O/u a/ ai/a/ i/a/ ou/ i/a/ eu/ a/í/»
Este verso teria, assim, 12 sílabas métricas.
Disponha sempre!
1. Cunha e Cintra, Nova gramática do português contemporâneo. Ed. Sá da Costa, p. 667.
2. Idem, ibid., p. 672
3. Idem, ibid., p. 668.