Tenho notado que é comum em textos portugueses a construção «tem vindo a» + infinitivo para designar ações iniciadas no passado e que chegam ao presente, como na frase «o desempenho do Pedro na escola tem vindo a melhorar nos últimos meses». Posso estar enganado, e talvez uma consulta aos corpora das duas variantes mo esclareça, mas me parece que não se usa tal construção no Brasil: eu diria e escreveria, sempre, «o desempenho do Pedro na escola tem melhorado nos últimos meses». Como ambas as construções se usam em Portugal, gostaria de saber se há diferença semântica entre elas ou se se equivalem, e, caso se equivalham, qual delas é mais antiga na língua.
Já aqui se respondeu a questões relativas a «a princípio», «por princípio», «em princípio» e «no princípio». A minha questão é outra: «ao princípio» também é admissível, no mesmo sentido de «a princípio»?
Muito obrigado.
«O ator entrou em palco» ou «O ator entrou no palco»? Pergunto isto porque, em bom rigor, deveria ser «no palco» («em o palco»), mas quase sempre se diz «em palco».
Obrigado, como sempre!
A frase «começar do começo» é um pleonasmo vicioso? A justificativa é que só se começa do começo? Ou há erro em tal afirmação?
Ao rever um livro, deparei com duas frases quase seguidas em que se podia ler, na primeira, «era verdade que ela lhe fizera falta» e, na segunda, «mas de quem sentira mais a falta [...]».
Pergunta: devemos escrever «falta» ou «a falta»? A diferença de verbos tem, neste contexto, alguma relevância para a questão, de tal modo que ambas as frases estão corretas? E, se ambas as frases estão corretas mas tal não se deve à mudança verbal, qual é a forma mais correta?
Muito obrigado.
Quantos deíticos contém a frase «por aqui passou gente famosa»?
Em 2008, [foi] dada uma resposta relativamente [ao tema de] todo. Depois de ler esta resposta, continuo com dúvidas relativamente a esta questão.
Quando os determinantes significam «inteiro», em frases como «comi o frango todo» ou «comi todo o frango», a segunda opção não me soa tão bem como a primeira. Não sei se existe algum motivo para isso, mas reconheço que pode ser apenas uma questão pessoal, de uso. Porém, quando o quantificador significa «qualquer» ou «cada» (ainda que, por vezes, me custe reconhecer em algumas frases este significado), nem sempre é possível intercambiar o lugar de todo/a.
Em frases como:
1. “procurei-o por todo o lado” vs. *”procurei-o pelo lado todo” (O significado é «qualquer» ou «inteiro»?)
2. “procurei-o por toda a parte” vs. *“procurei-o pela parte toda” (O significado é «qualquer» ou «inteiro»?)
3. “todo o bebé chora” vs. “o bebé todo chora” (no segundo caso, acho que se trata de um uso adverbial, tal como em “ficou todo zangado” e não significa o mesmo).
4. “todo o médico tem a sua maneira de lidar com os doentes” vs. *o médico todo tem a sua maneira de lidar com os doentes”.
5. “toda a gente chora” vs. “a gente toda chora” (no segundo caso trata-se de um uso adverbial?)
A minha dúvida relativamente ao significado deste quantificador, particularmente quando se indica que tem a aceção de «cada» e «qualquer», também está relacionada com os exemplos dados na resposta do Ciberdúvidas em 2008. Todos os exemplos estão [no] plural. Acho que quando se usa todos/as + artigo + substantivo estamos a falar da totalidade numérica de um dado conjunto (dos elementos desse conjunto). Porém, quando se usa todo/a + artigo + substantivo o significado é de «inteiro».
Relativamente às frases 1 e 2, reconheço que os substantivos lado e parte, ao serem polissémicos, possam ocasionar estas impossibilidades. Tanto assim, que se se usar [no] plural, a expressão apresenta outro significado: «por todos os lados» em frases como «uma ilha é uma porção de terra rodeada pelo mar por todos os lados». A sensação que tenho é que o uso dos quantificadores todo/a ([no] singular), com o significado de «qualquer» ou «cada» não é tão comum na variedade de português europeu e apresenta algumas restrições na posição de todo/a.
Gostaria por favor que me esclarecessem sobre estas questões. Desde já agradeço a vossa atenção e muito obrigada pelo vosso trabalho.
Vejo/oiço constantemente o uso da expressão como sinónimo de completamente. Há quem conteste. Há dicionários que apenas indicam «de modo literal», outros indicam também «completamente». Podem ajudar?
Grato pela atenção.
Peço desculpa pela pergunta ingénua, mas podem, por favor, confirmar-me se existe a palavra "dispendiosidade"? Devo, ao invés, utilizar o termo "dispêndio"?
Grata pela atenção.
Em português de Portugal, podemos dizer que fazemos algo «de coração» (e.g. «ela desejava de coração que o António fosse viver com ela outra vez»; «eu sei que ele me perdoou de coração e não guarda nenhum tipo de rancor», «o que eu fiz pela minha mãe, fi-lo de coração», etc.)?
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações