Concordamos com a apreciação sobre a locução «futuros desertos».
A interpretação da locução é aberta a leituras várias, como refere, o que não é infrequente em análise semântica.
Por um lado, os futuros desertos são o desenlace de uma atuação irresponsável do homem que, ao devastar as florestas e ao contaminar os solos, provoca o fim, traduzido de forma realista pela expressão: o solo ficará deserto, com toda a certeza. É a concretização nefasta da ação do Homem. Toma-se aqui futuros como adjetivo que qualifica o nome desertos.
Por outro lado, num alargamento de sentido da locução, poderemos lê-la como uma ideia mais abstrata do que será previsivelmente a Terra, nesta caminhada destruidora para o futuro: tudo será desértico, despovoado, numa desalentada e catastrófica visão desse tempo futuro. Neste sentido último, é quase poética a expressão, enquanto, no primeiro, é mais realista. Mas o que determina a diferença semântica é que neste caso, futuros é nome e retrata a situação dos anos vindouros, qualificado, agora, pelo adjetivo desertos.
Nesta troca das classes de palavras residem as leituras várias da locução.