Não se encontrou registo nos dicionários aqui consultados1, mas a palavra não era desconhecida nos anos 50 do século passado.
O gramático normativo Vasco Botelho de Amaral (Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, 1958, p. 567) dedica um comentário a este termo:
«Biandria é palavra mal formada, porque bi é um prefixo proveniente do latim bis e andria vem do grego andrós, homem. Portanto, temos um evitável híbrido. Se precisássemos, poderíamos engendrar uma palavra para mencionar a situação da mulher com dois maridos. Será diandria, com o prefixo erudito di, proveniente do grego dis, isto é, duas vezes, e equivalente do latim bi. A poliandria é o estado da mulher com mais de um marido. Ora, se dois são mais do que um, segue-se que poliandria serve para mencionar a situação da mulher com dois. [...]»
Note-se que os dicionários registam diandria, mas com o significado de «carácter dos vegetais diandros» – e diandro é «[planta] que tem dois estames livres». É, portanto, insólito o uso de diandria no sentido de «bigamia feminina».
Sendo assim, parece que, mesmo no caso de duplo casamento referido a uma mulher, se pode aplicar bígamo, com a devida adaptação de género, que é bígama. Embora os dicionários de português consultados não registem tal uso, assinale-se em espanhol o emprego de bígama para a situação feminina homóloga de bígamo (cf. dicionário da Real Academia Espanhola). Dado que em bígamo, o elemento -gam- corresponde ao nome sobrecomum cônjuge, tem toda a legitimidade a utilização da forma bígama.
1 Consultaram-se o Dicionário Priberam, a Infopédia, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea de Academia das Ciências, o Dicionário Houaiss, o Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa e o Dicionário de Caldas Aulete (versão digital).