Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias
Polémicas em torno de questões linguísticas.
«Vossa mercê» – <i>vossemecê</i><br> – <i>vosmecê</i> – <i>você</i>
Sobre as formas de tratamento e o respeito mútuo

«Quanto à população em geral, são sobretudo os mais velhos e os culturalmente mais instruídos e menos influenciáveis que ainda consideram o pronome de tratamento você como uma forma menor, a ser utilizada quando existe alguma intimidade ou proximidade entre os interlocutores, e apenas em situações de “igual para igual” ou “superior para inferior”» – observa Yann Sèvegrand, docente de Português dos ensinos básico e secundário, no concelho de Montalegre, a propósito das atitudes e dos comportamentos subjacentes ao sistema de formas de tratamento do português em Portugal. Reflexão originalmente publicada no jornal eletrónico Diário Atual, em 11 de março de 2011.

 

As “fake news” na linguística
A categoria de género no funcionamento das línguas

«O que ocorreu na verdade, como já expus várias vezes, é que o latim tinha três gêneros, masculino, feminino e neutro. E podia, eventualmente, fazer a concordância plural no gênero neutro. Só que, por razões meramente fonéticas, o gênero neutro e o masculino se fundiram no latim vulgar ainda antes da passagem do latim ao português. Portanto, o gênero masculino assumiu as funções que antes eram do neutro.»

Apontamento do linguista brasileiro Aldo Bizzocchi, publicado na sua páginna no  Facebook, Diário de um Linguista, com a data de 24 de maio de 2023. 

«Meio ambiente» é pleonasmo vicioso?
Alguns aspetos da história desta locução

«Compreende-se que, do ponto de vista terminológico, a bem do rigor e da capacidade de síntese da comunicação científica, se empregue ambiente e se rejeite "meio ambiente"» – começa por dizer o consultor Carlos Rocha sobre a locução nominal «meio ambiente», que é vista por alguns como um pleonasmo vicioso mas que pode encontrar legitimidade na história da língua.

Os
Sobre variação e norma no Brasil

 «O Brasil tem dezenas de variantes linguísticas que podem até, em casos extremos, dificultar a intercompreensão. É tolice abordar esse tema sob um viés nacionalista. Justamente por causa dessa grande variedade de falares, nós brasileiros temos necessidade absoluta de uma língua-teto estável e normatizada.»

A utilidade de identificar e definir usos normativos, face à enorme variação popular e regional da língua portuguesa no Brasil, é o tema do artigo de opinião do colunista José Horta Manzano publicado originalmente no Correio Braziliense em 2011 e novamente divulgado em 25 de maio de 2023 no blogue Diário de um Linguista, de Aldo Bizzocchi.

A língua, condicionante do pensamento?
Uma ideia muito alardeada mas pouco rigorosa

«Na Alemanha do século XIX falava-se da língua como se de um ser vivo, com alma, se tratasse. Ela captava o espírito (Geist) de um povo, mas tinha como que vida própria. No início do século XX, foi nos Estados Unidos da América que Edward Sapir, e depois o seu discípulo Benjamin L. Whorf, deram finalmente corpo à hoje chamada "hipótese de Sapir-Whorf", que gozou durante muitos anos de enorme popularidade entre antropólogos e linguistas.»

Considerações do escritor e professor universitário Onésimo Teotónio Almeida sobre a relação entre língua e pensamento, com breve referência ao impacto da hipótese Sapir-Whorf em ensaios de alguns intelectuais portugueses, entre os quais se conta Eduardo Lourenço (1923-2020). Transcreve-se com a devida vénia um excerto do capítulo "Reflexões sobre a língua – o que ela não é nem pode ser", do livro A Obsessão da Portugalidade (Lisboa, Quetzal, 2017, pp. 98-104). Título e subtítulo atribuídos pelo Ciberdúvidas.

O “galego” é sempre “português”
O que falam todos os galegofalantes

«O que falam os habitantes galegofalantes numa  comunidade de qualquer lugar da Galiza (também no Norte) é, simplesmente por ser “galego”, já português» – sustenta o professor e filólogo José-Martinho Montero Santalha num artigo de opinião a respeito das conclusões a retirar das semelhanças detetáveis entre os dialetos galegos e as variedades do português. Texto publicado em 4 de maio de 2023 no Portal Galego da Língua e aqui transcrito com a devida vénia, com algumas adaptações.

O <i>pelé</i> do disparate na lexicografia
Sobre a dicionarização do nome próprio Pelé

«Minha preocupação aqui, meus amigos, se dá pela arbitrariedade do referido dicionário em incluir uma palavra em sua composição lexical baseada numa campanha e/ou num abaixo-assinado» – argumenta Rafael Rigolon num artigo de opinião em que tece críticas ao registo de pelé como nome comum e suposto (erroneamente) adjetivo no Michaelis – Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (ver Notícias). Texto transcrito, com a devida vénia, do mural Língua e Tradição (Facebook, 29 de abril de 2023).

As palavras e o dicionário de Paulina Chiziane
Catinga e outros vocábulos de marca colonial e racista

«Nos relatos mediáticos do discurso proferido pela escritora Paulina Chiziane na cerimónia de entrega do Prémio Camões 2021, a escritora moçambicana defendeu a necessidade de descolonizar a língua portuguesa, visto haver definições de dicionário que inscrevem conceções preconceituosas coloniais, racistas e sexistas» – refere o consultor Carlos Rocha, que apresenta um conjunto de breves notas sobre a dicionarização de catinga, matriarcado, patriarcado, palhota e mulher.

Da língua portuguesa ideal<br> à língua portuguesa real
Em contexto da diversidade linguística e cultural de Angola

«É necessário assumirmos que o português angolano possui características próprias, porque se assim não fosse, os professores teriam domínio das regras fixas da gramática tradicional que tem sido o lugar de engano da língua portuguesa», sustenta o autor, neste artigo de opinião publicado no Jornal de Angola do dia 7 de maio de 2023. Escrito conforme a norma ortográfica de 1945, a seguida oficialmente neste país da CPLP.

 

O inglês, língua universal: sim ou não?
Duas posições divergentes

Discordante com a resposta "Língua universal, língua mundial, língua franca", da autoria de Inês Gama, o advogado e esperantólogo Miguel Faria de Bastos escreveu o texto "Não há língua universal alguma". Uma controvérsia continuada com a réplica "Qual o estatuto do inglês nos dias de hoje?" e com a tréplica  "Um mundo anglofonizado" .