Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Nomes que caranguejam
Às voltas com os palíndromos

A língua tem os seus próprios jogos, e expressões como «o céu sueco» ou «o galo ama o lago» divertem-nos, porque dão a possibilidade de também se lerem de trás para a frente. Trata-se dos palíndromos (do grego palíndromos, os, on «que corre em sentido inverso, que volta sobre seus passos», segundo o Dicionário Houaiss), de que o professor João Nogueira da Costa dá outros exemplos neste apontamento, onde igualmente se debruça sobre a relação deste tipo de sequências com a noção de «caranguejo». Texto originalmente publicado na página de Facebook do autor, em 15 de dezembro de 2019, e agora também aqui disponível.

Estamos uberizados!
As palavras a espelhar a realidade ... antes e pós-covid-19

Os termos uberização e uberizar entraram no léxico português e começam a alargar os seus significados, correspondendo a uma forma de dizer realidades sociológicas novas que se estão a desenvolver, inclusive no contexto da pandemia de covid-19.

A uberização do <i>karma</i>
O neologismo que conduz o destino da atualidade política brasileira

Para o jornalista português João Almeida Moreira, correspondente do Diário de Notícias, em São Paulo, tem-se assistido nos últimos anos à uberização da vida política do Brasil, isto é,  muitos políticos brasileiros parecem conduzidos por atos de traição e vingança, consumados de forma pronta, ironicamente ao estilo do serviço de transporte Uber. Crónica que o autor publicou no referido jornal em 30 de abril de 2020 e que aqui se transcreve com  devida vénia.

 

 A forma karma, que é a do original transcrito e está registada como estrangeirismo, tem um aportuguesamento já dicionarizado: carma (cf. Dicionário Houaiss). Quanto ao título, ocorre o termo uberização – que pressupõe o verbo uberizar, um derivado no nome Uber –, pelo qual se entende o negócio apoiado nas tecnologias móveis que liga, através de uma plataforma digital, o consumidor ao fornecedor de produtos e serviços de forma personalizada e o mais diretamente possível (cf. Alexandra Leitão, "Uberização da economia", Jornal Económico, 05/09/2017). O nome comum e o verbo donde procede têm também sido empregados em tom crítico, porque a oferta de serviços pelas plataformas digitais acaba por se tornar frequentemente uma estratégia empresarial para fugir às responsabilidades sociais decorrentes da admissão de trabalhadores (muitas vezes chamados "colaboradores"; cf. Safaa Dib, "A uberização desregulada do trabalho", Jornal Económico, 17/01/2020).

Oportunidade e não oportunismo
A propósito do #estudoemcasa, via RTP Memória

 «Durante as cerca de três décadas que leva de existência, a única universidade de ensino a distância que existe em Portugal – a Universidade Aberta – foi encarada com desconfiança e com preconceito, por quem nunca tratou de saber qual a efetiva função socioeducativa do EaD», recorda neste texto* o seu fundador e ex-reitor, agora que, passados 30 anos, o surto pandémico da covid-19 obrigou ao regresso ao modelo das «aulas pela Internet»

*in jornal Público, do dia 5 de maio de 2020

N. E. – Mantém-se a grafia «a distância», usada pelo autor e por várias instituições do ensino superior, entre elas, a mencionada Universidade Aberta. Embora  «a distância», sem acento gráfico, constitua forma correta, observe-se que «à distância», com acento gráfico, é mais corrente e tem até mais tradição.

Desconfina-me
À volta de recentes usos da derivação do confinamento imposto pelo covid-19

pandemia de covid-19 obrigou ao confinamento, e a este sucede afora o desconfinamento, palavra que até há poucas semanas só existia como possibilidade. Crónica publicada no jornal Público no dia 5 de maio de 2020.

A língua portuguesa é também a sua ortografia

Um texto * que passa em perspetiva vários séculos de evolução da língua portuguesa e defende a importância da preservação de todo o património nela contido, incluindo o ortográfico – que, na perspetiva da sua autora, deve respeitar a norma anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.

*in jornal Público, de 5/05/2020, escrito segundo a norma ortográfica de 1945.

O ponto abreviativo... sempre tão esquecido
Obrigatório em qualquer abreviação

Mais um exemplo em que a omissão do obrigatório sinal abreviativo numa ordenação classificativa  – 1.º, 2.º, 3.º, 4.º...– faz (a)parecer um quadro da meteorologia com os respetivos graus da temperatura...

As voltas trocadas do «mais bem» e do «melhor»
Comparativos de bem e de bom

Desencontros recorrentes na televisão portuguesa com o emprego do melhor (comparativo de bom) e do  mais bem (comparativo de bem). 

 

O valor global da língua portuguesa
Um dia festivo para a projeção mundial repartida do português
Por Vários

Assinalando o Dia Mundial da Língua Portuguesa, quatro ministros do governo de PortugalAugusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, Graça Fonseca, ministra  da Cultura, Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação – enumeram e definem as tarefas que desafiam os políticos e os cidadãos de todos os países de língua portuguesa a encontrar as estratégias adequadas à promoção mundial do idioma comum.

Texto que assinado pelos ministros referidos na edição do jornal Público de 5 de maio de 2020.

Na imagem, pormenor do cartaz comemorativo do projeto Nossa Língua-Nosso Chão, da Direção Regional de Cultura do Alentejo em parceria com a Chão Nosso, crl e a Andante Associação Artística (fonte: Diário Campanário, 29/04/2020).

Inquietação ou regozijo?
Sobre a consagração do Dia Mundial da Língua Portuguesa

«A  proclamação da UNESCO foi amplamente noticiada em Portugal, levando os céticos do costume a defender que esta poderia ser não motivo de regozijo, mas uma nota inquietante, indicativa de alguma fragilidade do português, brandindo dois argumentos principais: 1) as grandes línguas não carecem de e não têm dias mundiais; 2) só entidades ameaçadas, desprotegidas ou discriminadas têm dias mundiais. Será que têm razão?»

A resposta da professora universitária e presidente  do Conselho Científico do IILP (Instituto Internacional da Língua Portuguesa) Margarita Correia, em artigo publicado originalmente no Diário de Notícias, em 5 de maio de 2020. 

 

N. E. – Em relação ao texto original, o que aqui se publica contém algumas ligeiras alterações introduzidas pela autora.